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Em Mauá, Nardini chega aos 35 anos sob rejeição de paternidade

Principal equipamento de saúde da cidade completa três décadas e meia de funcionamento amargando jogo de empurra sobre quem deve custeá-lo

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
01/11/2021 | 00:40
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Denis Maciel 20/1/21


O Hospital de Clínicas Doutor Radamés Nardini, principal equipamento de saúde de Mauá, completa hoje exatos 35 anos em meio ao jogo de empurra de governantes sobre quem deve ser o ‘pai’ da unidade. Nos últimos anos, Prefeitura e governo do Estado travam disputa de narrativa envolvendo a responsabilidade pelo custeio do hospital.

De um lado, o Paço mauaense sustenta que o equipamento não atende apenas moradores de Mauá – recebe pacientes das vizinhas Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra – e que a manutenção financeira precisa ser repartida com o Palácio dos Bandeirantes. Atual prefeito, Marcelo Oliveira (PT) aposta na gestão compartilhada do Nardini, mas o desejo era o de viabilizar a estadualização da unidade. Atualmente, o hospital de aproximadamente 12 mil metros quadrados demanda cerca de R$ 9 milhões ao mês. Neste ano, o equipamento virou o principal destino dos pacientes com sintomas graves de Covid-19. Em março, durante a segunda onda da pandemia na região, o Nardini chegou à beira do colapso.

Somado ao impasse sobre o futuro administrativo do hospital, o equipamento também sofre com sucateamento e frequentes promessas de modernização. Reforma no quarto andar do hospital, destinado à maternidade, se arrastou por quase uma década e só foi totalmente concluída neste ano por causa da necessidade de o município ampliar a oferta de leitos-Covid. O espaço chegou a ficar desativado por anos nas duas últimas gestões e lotado de lixo e entulho. Em 2018, o Diário revelou que deputados estaduais que formavam uma CPI da saúde na Assembleia Legislativa fizeram fiscalização surpresa no Nardini e encontraram até pomba morta e remédios vencidos no andar abandonado. A expectativa da gestão Marcelo é a de que, com o arrefecimento da pandemia, o espaço volte a abrigar exclusivamente a maternidade.

A grande esperança, porém, é a de que o governo João Doria (PSDB) retome o envio de verba, na ordem de R$ 3 milhões ao mês, para ajudar no custeio do hospital – a ajuda foi paralisada na gestão passada, em meio ao vaivém no comando do Paço.

“O Nardini chega aos seus 35 anos e continua sendo um hospital de referência. Hoje o hospital está bem mais organizado que antes, mas tem tudo para melhorar”, reconheceu Marcelo, ao emendar que “o ideal” seria, de fato, estadualizar o equipamento. “Queremos que o Estado ajude no custeio e vamos trabalhar para dar uma cara nova para o Nardini”, frisou. O petista citou ainda que a Secretaria de Saúde, chefiada por Célia Bortoletto, busca recuperar convênio com a União para resgatar repasse de R$ 22 milhões para melhorias do hospital.

Apesar do otimismo, a manifestação oficial mais recente do governo paulista reprime qualquer euforia. “O governo de São Paulo dialoga continuamente com gestores de todas as cidades, incluindo Mauá, para apoio na assistência à população”, desconversou a Secretaria estadual de Desenvolvimento Regional, por meio de nota.

HISTÓRIA

Inaugurado em 1º de novembro de 1986, durante o governo de Leonel Damo, o hospital carrega o nome do médico Radamés Nardini, que idealizou o equipamento e que contribuiu com a saúde de Santo André e Mauá. O prédio foi erguido nos anos de 1970 para ser uma unidade privada, mas só abriu as portas quando o Estado, entre as gestões de Franco Montoro (morto em 1999) e Orestes Quércia (que morreu em 2010), assumiu as intervenções e a própria gestão do hospital. O Nardini foi municipalizado em 1990, no governo de Amaury Fioravanti. 




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