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Vl.América é lar de ex-boxeador
Renato Cunha
Especial para o Diário
25/11/2014 | 07:00
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A Vila América, em Santo André, abriga uma das figuras mais ilustres do esporte brasileiro: o ex-boxeador Servílio de Oliveira, 67 anos, primeiro medalhista olímpico do País. O feito foi conquistado no México, em 1968. Servílio ainda foi campeão brasileiro pelo Clube Atlético Pirelli, em 1967, e campeão latino-americano em 1968.

Ele conta que os netos também se interessaram pelo esporte e tem muito orgulho disso. “Meus netos são lutadores. Um tem 13 anos e o outro, 16. Pode escrever o que estou dizendo: se continuarem firmes no esporte, é medalha para o País em 2020”, prevê.

João Victor, 16, já lutou 18 vezes. Ganhou 12 lutas, empatou uma e perdeu cinco. Segundo ele, o combate é de fundamental importância em sua vida. “Quero continuar na carreira até quando der. Gosto muito do que faço e vou seguir no esporte”, planeja. Já Luiz Gabriel, 13, esteve em 16 embates, com 14 vitórias, um empate e uma derrota. Para ele, a motivação para começar no esporte veio de berço. “Meu pai treinava e a gente ficava olhando. Um dia perguntei se podia lutar também. Foi então que comecei”, conta.

Servílio comenta que, nos dias atuais, é mais fácil o caminho para quem tem talento e gosta da carreira esportiva. “Antes não havia incentivo, hoje em dia há. O problema é que a verba deveria ser melhor aplicada. Tinha que investir muito mais na formação dos atletas”, reclama.

O lutador conta que passou por dificuldades para praticar o esporte e se tornar profissional. “Para treinar boxe, tive que vir para a Pirelli. Então, trabalhava o dia todo e depois treinava.”

Segundo ele, a Nação ainda tem muito que caminhar no que se refere aos esportes. “O Brasil está devendo em desempenho. Somos um País continental e temos menos medalhas que Cuba, que é muito menor.”

O boxeador diz não se arrepender de nada que fez, mas se pudesse mudar algo, teria ido treinar no Exterior. “Tive várias propostas para lutar em outros países. Se tivesse aceitado os convites, talvez seria campeão do mundo”, lamenta. Para ele, a maior dificuldade da carreira foi mesmo a falta de apoio.

DESAFIO

Em 2009, aos 62 anos, Servílio encarou mais uma luta na vida: matriculou-se no curso de Direito na USCS (Universidade Municipal de São Caetano), que será concluído no fim deste ano. Ele explica que os familiares o incentivaram a fazer a graduação. “Tenho um filho que é procurador federal. Ele e toda a minha família sempre me incentivaram a cursar Direito. Escolhi a área porque acho uma das ciências mais importantes da nossa sociedade”, garante.

O lutador comenta também como foi a adaptação à sala de aula. “Foi legal conviver com pessoas mais jovens. Tinha vários grupos e sempre me dei bem com todo mundo.”

Sede da Fúria foi construída no bairro para ficar próxima ao estádio

Ainda na área do esporte, a Vila América também conta com a sede da torcida organizada do Esporte Clube Santo André, a Fúria Andreense, fundada em 2000 para acompanhar os jogos do Ramalhão e organizar eventos relacionados ao futebol.

O vice-presidente da torcida, Diogo Morais, relata que está há uma década na Fúria e entrou por convite de amigos. “Comecei a fazer parte quando a sede ainda era no Parque Capuava. Inclusive, a torcida surgiu lá. Quem me convidou foi o Cristian, diretor de materiais da época, e que morreu em 2006. Ele me apresentou o pessoal e, desde então, comecei a acompanhar o time e participar das ações.”

Diogo explica que a Fúria, além de torcer, também realiza outros projetos fora dos campos. “Fazemos muitas ações sociais. Em outubro, promovemos festa de Dia das Crianças. Agora, estamos arrecadando brinquedos para o Natal. Comemoramos a Páscoa também. E ainda temos o bloco carnavalesco que, em 2015, vai abrir o Carnaval andreense.”

O diretor de arquibancada, Lucas Araújo, conta um pouco da história da Fúria. “A gente tinha a sede de Capuava, depois ficamos algum tempo sem. Então, o time foi subindo até chegar na Série A. Nesse momento vimos a necessidade de ter uma sede maior e mais perto do Estádio Bruno José Daniel”, narra.

Ele comenta sobre a queda de divisão do clube, que caiu várias vezes consecutivas no Campeonato Brasileiro. “O time subiu de repente e caiu de repente. A diretoria estava firme e administrava bem. Mas parece que depois afrouxou e a equipe caiu muito rápido.” Em quatro anos, o Ramalhão desceu até chegar à Quarta Divisão do campeonato.

A Fúria vai acompanhar o segundo jogo da final da Copa Paulista, em Ribeirão Preto, no domingo. A torcida sairá da sede às 2h. Lucas conta o que espera do jogo. “Esperamos que o time seja campeão, assim, pode jogar a Copa do Brasil do ano que vem”, completa.

Comerciante apagou chamas e viveu histórias

A avícola é um dos comércios mais antigos da Vila América, instalada ali há mais de 30 anos. O estabelecimento reúne histórias de muito trabalho e dedicação ao longo de toda uma vida.

O proprietário é Joaquim Macedo, 67 anos. Ele destaca que, antes mesmo de montar o comércio, já trabalhava no imóvel. “Aqui funcionava um restaurante. A gente tinha muito serviço. Fiquei de 1963 até 1978. Depois abri o comércio no mesmo lugar e virei meu próprio patrão.”

Macedo relata que se mudou para o bairro há mais de 50 anos e o local já foi muito melhor, assim como toda a cidade. “Antes de vir para cá, morava em Cristais Paulistas, interior de São Paulo. Gostava do tempo da Jovem Guarda, curtia Roberto Carlos, Ronnie Von. Era a melhor época do mundo, em todos os sentidos, não só na música. A Segurança hoje está precária. Mas é culpa do povo. Falta mais educação”, reclama.

O comerciante conta que aconteceram várias coisas curiosas durante os últimos anos, forçando-o, inclusive, a atuar como bombeiro improvisado. “Cansei de apagar incêndios de carros e também já joguei água em uma casa que pegou fogo.”

Ele lembra que quando se mudou para o bairro, as coisas eram um pouco diferentes. “As ruas eram de paralelepípedos e havia calçada aqui na esquina, hoje não tem mais. A paisagem mudou bastante.”

Macedo garante que, apesar dos problemas, o bairro é um bom lugar para se viver. “Não pretendo me mudar daqui.” 




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