O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), aduba o terreno para colocar em condições políticas seu predileto na disputa pela sucessão em 2016: Rafael Marques. Sindicalista como Marinho, ele é o nome que mais agradaria ao atual chefe do Executivo para manter o projeto iniciado em 2009.

Nos últimos cinco meses, Rafael foi indicado para exercer dois cargos de peso eleitoral na região, com auxílio fundamental de Marinho. Assumiu a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, sucedendo Sérgio Nobre, no fim de novembro e, quatro meses depois, foi eleito para liderar a Agência de Desenvolvimento Econômico, entidade vinculada ao Consórcio Intermunicipal, hoje presidida pelo prefeito de São Bernardo.

A candidatura de Rafael ao Paço de São Bernardo é tratada com tanta cautela que interlocutores de Marinho e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - também simpático ao sindicalista - têm espalhado balões de ensaio utilizando outros nomes como favoritos do petismo para manter a sigla no poder da principal cidade do Grande ABC. Casos dos secretários Arthur Chioro (Saúde) e Tarcísio Secoli (Serviços Urbanos).

Os boatos em torno de Chioro e Tarcísio dominam os bastidores políticos do município desde o ano passado, logo nas primeiras pesquisas de intenção de voto que apontavam vitória tranquila de Marinho na busca pela reeleição, em outubro. O prefeito sempre se esquivou do assunto, da mesma maneira como se esgueira ao falar de uma eventual candidatura ao governo do Estado.

Rafael tem sido lapidado pacientemente pela alta cúpula petista. Tanto que não terá o potencial testado nas urnas na eleição para deputado estadual - missão que será dada a Teonílio Monteiro da Costa, o Barba, diretor financeiro do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Pessoas próximas a Marinho dizem que a intenção é colocá-lo à prova em 2016 com o discurso mais utilizado no pleito do ano passado, o de renovação com currículo.

A eleição de Rafael à Agência de Desenvolvimento teve como objetivo mostrar que o petista não tem apenas penetração eleitoral no sindicato. Assim como Lula fez com Marinho ao colocá-lo de ministro da Previdência e do Trabalho em sua gestão, a ida do sindicalista serve para mostrar que o predileto do chefe do Executivo tem visão política diversificada, que alia defesa dos trabalhadores com representantes do setor privado.

Outra estratégia é fazer o provável candidato à Prefeitura ter imagem vinculada a Lula, tática adotada em 2008, quando o ex-presidente fez esforço mais do que republicano para alavancar a candidatura de Marinho em São Bernardo, batendo o deputado estadual Orlando Morando (PSDB), representante do grupo político que comandou a cidade por 16 anos.

Com 48 anos, Rafael foi eletricista de manutenção na Ford na década de 1980. Passou pela secretaria-geral e diretoria de base do Sindicato dos Metalúrgicos e, antes de assumir a entidade, foi vice de Sérgio Nobre. Também é o atual vice-presidente estadual do PT, dividindo mandato com o deputado estadual Edinho Silva.