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Sindicatos deixam de combater para negociar
Luciele Velluto
Do Diário do Grande ABC
16/03/2008 | 07:15
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No Grande ABC nasceu um sindicalismo forte e engajado no final dos anos 1970, que liderou um movimento não só trabalhista, mas acompanhou os anseios por mudanças sociais e políticas em todo o País. Após 30 anos, a luta dos trabalhadores ganhou outros sons, cores e reivindicações, muito longe da atitude e filosofia pregada na sua época áurea.

O sindicalismo de confronto passou a ser o de negociação, onde a passividade parece valer mais que a resistência às tentativas de retirada de direitos dos trabalhadores.

O movimento sindical não mobiliza mais, não faz mais grandes greves e, com muita dificuldade, consegue trabalhar em prol da classe operária do País. Esse diagnóstico é de especialistas em relações e sociologia do trabalho de diversas escolas.

“Houve a reestruturação produtiva, entrada mais forte do neo-liberalismo nos anos 1990. Os sindicatos perderam muitos trabalhadores em sua base, além do sentimento de que o socialismo – que norteava a filosofia sindical da época – tinha morrido. Tudo isso afetou em cheio o movimento”, explica Ricardo Antunes, sociólogo do trabalho da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Mas para os especialistas, os sindicatos se afastaram de sua base, principalmente com a chegada do ex-sindicalista Lula à presidência da República. Hoje, as entidades são governistas, com críticas cada vez mais amenas ao poder federal.

“É a institucionalização e a acomodação do movimento. O sindicato apenas negociador não abre horizontes para o trabalhador e sua classe. A categoria espera mais das entidades que tiveram um histórico de conquista”, destaca Arnaldo Mazzei Nogueira, professor de Relações do Trabalho da FEA-USP (Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo) e FEA-PUC (Faculdade de Economia e Administração da Pontifícia Universidade Católica).

Os trabalhadores e sindicalistas que acompanharam toda a mudança filosófica dos sindicatos também criticam a postura atual das entidades. “Não há mais líderes sindicais, apenas negociadores”, lamenta um trabalhador.



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