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Famílias invadem
moradias populares

Impacientes com a demora e a burocracia, moradores de
S.Bernardo ocupam apartamentos no bairro Cooperativa

Por Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
30/11/2012 | 07:00
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Cerca de dez famílias invadiram cinco apartamentos de dois blocos do Conjunto Três Marias, localizado no bairro Cooperativa, em São Bernardo. Os primeiros invasores chegaram em setembro e os últimos, na tarde de ontem. A maioria veio do Jardim Ipê, Divinéia e Detroit.

As famílias, que afirmam ter cadastro no programa de moradia popular há cerca de dez anos, acusam a Prefeitura de demora e burocracia para definir a ocupação dos imóveis que estão quase prontos. É preciso apenas ligar o fornecimento de energia e forrar o chão com piso. O abastecimento de água está regularizado.

Segundo os ocupantes, moradores contemplados com as moradias invadidas se recusaram a mudar para o local. O motivo seria a falta de interesse em ocupar os andares térreos, principalmente por causa do excesso de barulho e movimentação de vizinhos. No térreo, entre os blocos 48 e 49, há oito apartamentos. "Estamos precisando de verdade. Não temos mais opções. Precisamos de alguma definição", disse Cintia Muniz, 24 anos, que chegou ontem à tarde com dois filhos.

A demora para resolução do problema tem comprometido a estrutura dos apartamentos. Os que ainda estão vazios têm sido alvo de vândalos, moradores de rua e usuários de drogas, além de casais que mantêm relações sexuais. Algumas janelas estão quebradas, há camisinhas usadas, pinos de crack e cocaína e até fezes espalhadas pelos imóveis. Os moradores que invadiram o local fizeram a limpeza da área.

A equipe do Diário esteve no local entre às 18h30 e 22h. Antes desse período, no fim da tarde, 12 guardas-civis e quatro viaturas foram enviadas pela Prefeitura para promover a desocupação imediata. Dois caminhões estavam a postos para remover os pertences domésticos. Cinco guardas-civis ocuparam um dos apartamentos. Nos demais, os ocupantes obstruíram a porta para evitar a retomada. "Sei que não estamos agindo certo, mas foi a maneira que encontramos de pressionar a Prefeitura. Só sairemos com alguma garantia", disse Edna Rocha Pires, 31.

A maioria alega que o cadastro realizado há pelo menos dez anos desapareceu ou perdeu a validade. A reivindicação é que sejam encaixados em outros projetos habitacionais e recebam previsão de moradia.

A Prefeitura informou que todos os moradores do Jardim Ipê e região que estavam cadastrados nos programas habitacionais do município já foram alojados em unidades determinadas. Os apartamentos invadidos, segundo a administração municipal, são unidades remanescentes destinadas a famílias que moram em áreas de risco e que fazem parte do Programa Renda Abrigo.

Reunião marcada para hoje decidirá futuro dos moradores

Três horas depois da chegada do Diário ao condomínio, por volta de 21h30, representante da Prefeitura foi ao local para iniciar a negociação com moradores, que até então se negavam a ser removidos para albergue municipal.

O assistente da diretoria da Secretaria de Habitação, Edson Kawashima, recolheu nomes dos invasores e ouviu suas reclamações. Em contato telefônico com a secretária de Habitação, Tássia Regino, marcou reunião para hoje, às 14h30, na sede da secretaria, com a presença dos representantes das famílias.

Convencidas em aguardar o encontro para definir novos rumos de negociação, as famílias decidiram recuar e passaram a noite na casa de amigos e parentes. Funcionários da empreiteira responsável pela obra lacraram as portas com tábuas de madeirite para evitar novas invasões.




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