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Regime Automotivo ainda gera dúvidas no setor
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
16/10/2012 | 07:00
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Quase duas semanas depois que foi anunciado, o novo Regime Automotivo, programa de incentivos do governo para elevar a competitividade do segmento nacional, que entrará em vigor em 2013, ainda desperta muitas dúvidas nos representantes dos elos dessa cadeia produtiva, os quais estão com opiniões divididas: enquanto os empresários de autopeças se mostram pessimistas, as montadoras veem avanços.

Conselheiro do Sindipeças (Sindicato das Indústrias de Componentes para Veículos Automotores) e presidente da Buzinas Fiamm, de São Bernardo, Mario Milani, por exemplo, a princípio é cético em relação ao novo regime. "Não estou otimista, não descobri vantagem, todos os benefícios são para as montadoras", avalia.

O Sindipeças vem se dedicando, nos últimos dias, a esmiuçar os meandros do decreto do governo federal, que eleva em 30 pontos percentuais o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para as montadoras que não fizerem, pelo menos, seis etapas fabris (de um total de 12) no País - como estampagem, produção de motores, fabricação de peças plásticas e pintura - e também invista, no primeiro ano (em 2013), 0,5% do faturamento em engenharia.

Para o consultor automotivo Marcelo Cioffi, da PWC, ainda há muitas dúvidas, por causa da complexidade das regras. "O decreto não é simples de entender. As empresas terão de investir no desenvolvimento de fornecedores locais e terão de fazer suas contas", avalia. Ele acrescenta que o Regime Automotivo de 2012 era "tudo ou nada", ou seja, não há opção ao empresário. Isso porque o regime definiu um índice fator (inicialmente 1,3) que tem de ser multiplicado ao valor gasto com as compras locais; o número resultante poderá ser abatido do crédito correspondente aos 30 pontos percentuais adicionais do IPI. "Isso pode gerar risco para as companhias (caso errem o cálculo e se creditem de valores de forma indevida)", observa.

Outra regra do novo regime é o que estabelece, como exigência, a melhoria da eficiência energética, ao fixar a meta de redução de 13,6% no consumo de combustíveis dos carros nacionais para 2017 e, para se obter mais dois pontos percentuais de redução do IPI, chegar a 23,6%. As metas são factíveis, mas vão dar algum trabalho, diz o pesquisador do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) Francisco Nigro, que cita que será mais difícil obter grandes ganhos de eficiência nos carros menores.

Entre as montadoras, a visão é otimista. O vice-presidente da Ford Brasil, Rogelio Golfarb, em depoimento ontem em evento da Autodata, em São Paulo, diz que vê o programa de incentivo de forma positiva, mas acredita que, em 2013, o setor viverá período de transição para se ajustar às regras. "A cadeia (do segmento) é longa e complexa, é interessante esperar para ver como se comporta na prática".

 

 




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