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No ano que vai nascer

Adeus, Ano Velho! Despeça-se, caro leitor, com a certeza de que, em 2012, estaremos em segurança (dentro

Carlos Brickmann
21/12/2011 | 00:00
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Adeus, Ano Velho! Despeça-se, caro leitor, com a certeza de que, em 2012, estaremos em segurança (dentro da Câmara Federal, e se nenhuma Excelência implicar com nossa cara). Os seguranças, lá apelidados de Polícia Legislativa, ganharam distintivos de metal dourado e couro. Você, claro, pagou a conta.

Temos também a certeza de que os últimos dias de 2011 farão bem à cultura dos nobres senadores. O Senado contratou um regente para seu coral e sete músicos para as festas de fim de ano. Você, é óbvio, pagou a conta.

Entramos no Ano Novo com queda no índice de desemprego. Haverá, no mínimo, uma desempregada a menos. Lembra de Ana Júlia, a governadora petista do Pará, aquela que levou sua cabeleireira para o Governo, aquela em cujo mandato houve o vergonhoso episódio da menina de 15 anos que ficou presa com 30 homens numa delegacia de Abaetetuba, na mesma cela, sendo estuprada várias vezes por dia? Ana Júlia, pelo conjunto da obra, foi derrotada na tentativa de reeleição. Mas quem tem madrinha não morre pagã: arranjou uma tetinha básica, um empreguinho federal de R$ 30 mil mensais. Fica na diretoria financeira da Brasilcap, empresa de capitalização que tem o Banco do Brasil como um grande sócio.

Os feios, malvados e mal-intencionados perguntarão certamente o que é que Ana Júlia entende de capitalização. Entende tudo, caro leitor: capitalizou até o partido ao qual pertence, capitalizou até a derrota eleitoral, para continuar recebendo bons salários. E você, naturalmente, vai pagar também essa conta.

Revoguem-se as disposições...

O senador Aloízio Mercadante, do PT paulista, hoje ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, deve ser o novo titular da Educação, no lugar de Fernando Vaiddad, que deixa o Ministério para disputar a Prefeitura de São Paulo.

Há aí várias boas notícias: Vaiddad, que passou anos tentando aprender a organizar um Enem, sem êxito, deixa de ser ministro; Mercadante, que prometeu trazer até este Natal US$ 12 bilhões da China para fabricar IPads e criar cem mil novos empregos, é poupado de explicar o que não houve. E por que não poderia ser ministro da Educação? Se Palocci, que é médico, já foi ministro da Fazenda, por que Mercadante não pode?

Como provou Tiririca, pior do que está não fica.

...em contrário

Aliados de Marta Suplicy a queriam na Educação. Mas não poderia ser escolhida, por questões políticas: atropelada por Lula e obrigada a abandonar uma candidatura viável à Prefeitura de São Paulo, se recebesse um Ministério abriria caminho para que outros candidatos petistas que o comando partidário rejeitou também pedissem alguma coisa.

E Dilma tem só 40 Ministérios para dividir.

República popular do povo

Este colunista é do tempo em que a transmissão do poder a membros da família era coisa de monarquias. Veja como as coisas mudam: o presidente da República Democrática Popular da Coréia, Kim Il-sung, passou o cargo a seu filho, Kim Jong-il, que agora o passa a seu filho, Kim Jong-un. Na República de Cuba, o presidente Fidel Castro passou o poder a seu irmão Raúl Castro. Na República Árabe da Síria, o presidente Hafez Assad passou o cargo a seu filho Bashar Assad. E um dos líderes da oposição a Assad, o tio Rifaat, também é da família.

Santa Luzia, orai por nós

Do jornalista Ricardo Noblat (http://oglobo.globo.com/pais/noblat/), um texto impecável sobre os atuais acontecimentos em Brasília:

"O ministro da Justiça afirmou que não enxerga nada que possa macular a imagem do seu colega Fernando Pimentel, do Desenvolvimento.

"O líder do governo na Câmara dos Deputados disse que Dilma não teve problemas políticos no seu primeiro ano na presidência.

"Demissão de ministro não é problema político, segundo ele. Nem mesmo a demissão de sete.

"Santa Luzia é a padroeira dos cegos. Celebra-se seu dia em 13 de dezembro. Mas nada impede que em casos de emergência se invoque a santa em qualquer outra data."

Podiam terminar o ano...

José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, elogiou os profundos conhecimentos jurídicos da ministra Rosa Weber (devem ser tão notáveis quanto os dele), após o sufoco que ela passou na sabatina do Senado. Disse que ela estava em dúvida, se eram perguntas ou "pegadinhas" dos senadores. Ele é que diz que uma ministra do Supremo não consegue distinguir uma pergunta de uma pegadinha.

Dilma, defendendo Fernando Pimentel, disse que o que ele fez antes de entrar no Governo não é assunto de Governo. Volta, Delúbio! Você faz falta!

...sem essas

De Aloízio Mercadante, futuro ministro da Educação, comentando os problemas da região serrana do Rio, agora que começa novamente a época das chuvas: "Morrerão pessoas neste verão. E nos próximos". O ministro não deixa de estar certo: em todas as estações do ano, em todos os países, há gente que morre.

E, com a colaboração dos governos que nada fizeram, morrerá mais gente ainda.




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