Economia Titulo
Cai exportação de carros em abril
Luiz Federico
Do Diário do Grande ABC
06/05/2006 | 08:28
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Verdadeiro calcanhar de Aquiles das montadoras, o efeito câmbio produziu mais um estrago nas contas do setor automotivo. Em abril, as receitas com exportação de veículos e máquinas agrícolas recuaram 9,4%, na comparação com março, segundo balanço da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). O faturamento caiu de US$ 1 bilhão para US$ 906,7 milhões. No entanto, a entidade mantém as estimativas de crescimento de 2,7% das vendas externas em 2006.

Em relação a abril de 2005, a retração nos resultados financeiros foi de 1,2%. Em números absolutos, o total de unidades enviadas para fora do país caiu de 55.785, em março, para 50.725 mo mês passado – queda de 9,1%. Em janeiro de 2005, o câmbio era de R$ 2,693. Quinta-feira, a cotação fechou a R$ 2,058, uma desvalorização de 23,58% do dólar frente à moeda nacional.

Em queda livre, o câmbio inviabiliza o fechamento de novos contratos no mercado externo, afirma o presidente da Anfavea, Rogelio Golfarb. “O problema é que o câmbio não encontrou um ponto de equilíbrio, principalmente quando se pensa em novos projetos de exportação. A pressão cambial é muito forte”, diz.

Entre janeiro e abril deste ano, ante o mesmo período de 2005, o volume exportado encolheu 3,7%, de 216.479 para 208.371 unidades. No entanto, na mesma comparação, as montadoras conseguiram compensar a queda em volume com um aumento de 8% no faturamento – US$ 3,3 bilhões para US$ 3,57 bilhões.

Como efeito direto do recuo nos embarques de veículos, observa Golfarb, a produção total do setor amargou queda de 11,1% no confronto mensal. Saíram das montadoras em março último 230,4 mil unidades, contra 204,9 mil no mês passado. No quadrimestre, por outro lado, houve aumento de 5% da atividade industrial.

Previsões – Na avaliação da diretora da MB Associados, Tereza Maria Dias, o câmbio brasileiro não deverá se fixar no patamar de R$ 3 novamente. “As empresas terão de se adequar a essa realidade para voltar a ter competitividade no mercado externo”, sugere a consultora.

Segundo ela, o Custo Brasil – burocracia, custos trabalhistas e carga tributária elevada – precisa ser minimizado com urgência. “O Brasil tem inteligência e engenharia suficientes para encontrar uma solução enquanto o país não é invadido pelos carros fabricados na Ásia”, alerta. Essa realidade já está presente nos Estados Unidos, responsável por encolher a participação de gigantes como Ford e GM.

À redução de impostos, junta-se a otimização de processos logísticos e produtivos, acrescenta o consultor para o setor automobilístico da Accenture Brasil, Carlos Pedranzini. “As montadoras japonesas e sul-coreanas são tão eficientes quanto às norte-americanas em termos operacionais, mas as asiáticas destacam-se na redução de custos fixos, o que confere a elas uma maior vantagem competitiva”, diz.



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