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Família acusa PS de negligência
Por Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
16/06/2006 | 09:08
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A família do gesseiro Cícero Feitosa da Silva, 37 anos, acusa o Pronto-Socorro Central de São Bernardo de negligência pelo fato de a unidade de saúde tê-lo liberado na manhã do último domingo, apesar de quadro confirmado de pneumonia aguda. Morador do Sítio dos Vianas, bairro de Santo André próximo a São Bernardo, Silva tinha ficado quatro dias internado no PS. Aproximadamente 24 horas depois, o paciente voltou a sentir-se mal e foi novamente internado, desta vez no PS do Baeta Neves, também em São Bernardo.

“Não levei meu marido de volta ao PS Central porque o médico que deu alta disse que a injeção que ele (Cícero) precisava tomar só estava disponível no PS do Baeta. Quando o levei para tomar essa injeção na segunda-feira (dia 12), ele continuava com dores no peito, febre e aquela tosse seca. Como não estava nada bem, ficou internado”, conta a esposa do gesseiro, a costureira Roseneide Dias dos Santos, 33 anos.

Procurado pela reportagem, o médico Nelson Nisenbaum, que atendeu Silva no PS do Baeta Neves, avaliou que o paciente não poderia ter recebido alta médica no PS Central. “Ele está com pneumonia e apresenta quadro de derrame pleural (acúmulo de líquido entre os pulmões e a parede toráxica). No PS Central, receitaram o Rocefin e a Clindamicina (antibióticos), usados em casos de infecções agudas. Isso indica que o paciente jamais poderia ter voltado para casa.”

Nisenbaum não precisou qual seria o tempo ideal de permanência de Silva no PS Central. “Não dá para dizer porque depende da evolução do paciente. Mas foi um erro terem dado alta porque de segunda-feira para cá o quadro clínico dele não evoluiu (para uma melhora)”, disse o médico na última quarta-feira. Ainda não há previsão de alta do paciente, cujo estado de saúde já é considerado bom.

A Prefeitura de São Bernardo alega que Cícero Silva recebeu alta porque o quadro clínico dele apresentou evolução positiva. Os responsáveis pelo PS avaliam ainda que a recuperação em casa é mais segura, por conta do risco de infecção em unidades de saúde, considerando que o sistema imunológico do paciente encontrava-se “bastante afetado” na ocasião.

Ainda de acordo com a administração municipal, Silva voltou a sentir-se mal porque não seguiu a orientação para que continuasse a tomar os antibióticos receitados. “A receita dizia que tinha que tomar esses remédios, que são em forma de injeção. Disseram que ele tinha que tomá-las em UBSs ou nos pronto-socorros. Ele não tomou antes de ir para o PS do Baeta porque não encontramos em farmácias”, rebateu Roseneide, a esposa de Silva.

De acordo com a costureira, o marido começou a apresentar os primeiros sintomas da pneumonia no último dia 5. Na ocasião, Silva foi levado à UBS da Vila Luzita, em Santo André, onde passou a noite em observação. “Ele fez inalação, tomou soro a noite toda, coletaram sangue e fizeram um raio X. Apesar de o exame ter indicado a pneumonia e ele permanecer com dores no peito, deram alta.”

Segundo Roseneide, foi a partir daí que o drama do gesseiro aumentou, até que tiveram a idéia de interná-lo no PS Central de São Bernardo (administrado pela Fundação do ABC, mantenedora da Faculdade de Medicina, em Santo André). “Levei meu marido para lá porque percebi que estava pior do que quando saiu da UBS do Luzita. Achei que no PS Central ele seria melhor atendido.”

A Prefeitura de Santo André confirmou que Silva ficou em observação na UBS da Vila Luzita entre as 10h do dia 5 e 11h do dia 6, e que o médico plantonista diagnosticou a broncopneumonia. De acordo com a administração municipal, o gesseiro foi medicado com antibióticos e recebeu alta (com a indicação para continuar tomando medicação) porque o quadro clínico dele apresentou melhora.



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