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Mauá garante recurso a empresa envolvida em caso de corrupção

Administração de Marcelo Oliveira empenha quase R$ 2 milhões em contratos com a Geometrica, alvo da Operação Trato Feito

Daniel Tossato
26/01/2022 | 05:36
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Celso Luiz/DGABC


A Prefeitura de Mauá, comandada por Marcelo Oliveira (PT), empenhou duas notas, totalizando quase R$ 2 milhões, a empresa que esteve envolvida em esquema de corrupção e que resultou na segunda prisão do ex-mandatário da cidade Atila Jacomussi (ex-PSB, atual SD), ainda em 2018.

Conforme documentos obtidos pelo Diário, a administração petista reservou os valores para a Geometrica Engenharia de Projetos Ltda. As duas notas, uma no valor de R$ 1.790.899,84 e outra no de R$ 155.575,72, têm a mesma destinação: “Contratação de empresa para elaboração de projeto de urbanização para os assentamentos precários para o Chafick Macuco e Jardim Oratório”. A data de empenhos dos valores é do dia 3 de janeiro deste ano. Os dois locais são conhecidos como áreas carentes da cidade.

A Geometrica Engenharia de Projetos Ltda esteve envolvida em esquema de pagamento de propina investigado pela PF (Polícia Federal), no âmbito da Operação Trato Feito, segunda incursão das forças de segurança e que rendeu a segunda prisão do ex-prefeito da cidade Atila Jacomussi. Ex-secretário de Governo na gestão João Eduardo Gaspar também foi detido.

À época, além da prisão de Atila, a Justiça Federal também autorizou o cumprimento de mandados de busca e apreensão nos gabinetes de vereadores do município. Somente Marcelo Oliveira, que atuava como parlamentar, ficou fora da lista de investigados. Naquele ano, o ainda vereador petista fez duras críticas à atuação da administração e à relação que o Executivo manteve com as empresas investigadas durante a operação da PF.

Conforme o vereador de oposição Sargento Simões (Podemos), a situação não é ilegal, mas beira a “imoralidade”, já que no passado o prefeito Marcelo Oliveira criticou todo o processo que culminou na prisão de Atila e também no aprofundamento da crise política que corroeu as relações do Executivo e do Legislativo durante aquele período.

“Antes ele criticava, mas agora, como é prefeito, ele pode escolher. Vou também ao Ministério Público. É preciso apurar essa situação”, declarou o vereador.

Por meio de nota, a Prefeitura de Mauá alegou que os contratos com a Geometrica foram estabelecidos em 2014. “As notas de empenho são referentes ao saldo residual de contrato em vigor, sem a obrigação de utilização dos recursos para este fim”, sustentou.

Sobre manter o convênio com empresa que participou de esquema de propina, afirmou que parte do valor será custeada pelo governo federal. “A não realização dos empenhos significa abrir mão dos investimentos disponibilizados.” 




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