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Dislexia reúne pais e professores

Grupo em S.Caetano discute melhoria no ensino de crianças com transtorno de aprendizagem

Por Maíra Sanches
Diário do Grande ABC
01/05/2012 | 07:00
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Pais de crianças e adolescentes que sofrem de dislexia e transtornos de aprendizagem têm oportunidade de receber orientações para aprender a lidar melhor com os problemas dentro de casa. Quando o desempenho escolar desagrada, muitas mães, sem orientações, concluem de imediato que o filho é desinteressado, preguiçoso e desatento.

Os sintomas iniciais de dislexia e do TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) são facilmente confundidos em família, o que prejudica o tratamento e a recuperação da criança.

Pensando na dificuldade e nas dúvidas desses pais criou-se o grupo Aprendiz, fruto da parceria entre o Instituto ABCD, Faculdade de Medicina do ABC e a Prefeitura de São Caetano. O primeiro encontro foi realizado em 31 de março e reuniu cerca de 260 pessoas no Cecape (Centro de Capacitação dos Profissionais da Educação) de São Caetano. O próximo está confirmado para sábado, no Auditório da Semef (Segunda Escola Municipal de Ensino Fundamental), à Rua José Benedetti, 550, bairro Cerâmica.

Os encontros passarão a ser mensais com participação de pais, educadores, profissionais da Saúde e representantes do setor público. O Instituto ABCD é organização dedicada ao atendimento e ao incentivo às pesquisas na área de dislexia. O tratamento do distúrbio é feito com fonoaudiologia, psicopedagogia e até medicações que estimulam a atenção.

Pacientes apresentam dificuldade para aprender a ler, escrever, soletrar, entre outros. "Uma das coisas mais importantes é disseminar a informação. Diante da situação, os pais, no mínimo, vão responsabilizar a criança por não conseguir ler. Sem saber, às vezes tanto a família quanto a escola acabam aumentando o problema. É uma bola de neve", observa o neuropediatra e coordenador do NEA (Núcleo Especializado em Aprendizagem) da FMABC, Rubens Wajnsztejn.

Segundo o especialista, transtornos de aprendizagem acometem hoje entre 4% e 8% da população mundial. No Brasil, menos de 1% dos casos é diagnosticado. Os pacientes geralmente estão em idade escolar: entre 7 e 18 anos. "Com essa iniciativa certamente teremos avanço, como já houve em outros países que possuem programas específicos." Por mês, aproximadamente 100 novos chegam ao núcleo criado na faculdade.

Professores de escolas municipais também serão alvo da iniciativa e receberão, durante os encontros, orientações para qualificar o ensino dado às crianças disléxicas ou com outros distúrbios. É o primeiro grupo de apoio aos pais que se forma com parceria de poder público em municípios. "A primeira reunião teve auditório lotado. Tem demanda, mas nunca ninguém apoiou. Os pais estão envolvidos. A partir do momento que eles entendem a dificuldade, a relação com a criança muda e isso favorece a aprendizagem", disse Mônica Weinstein, diretora do Instituto ABCD. Informações podem ser obtidas pelo telefone 4993-5447.


Mãe cursa pedagogia e ajuda filha disléxica

Por falta de informações a respeito do distúrbio, Cristina Galo Rodrigues de Oliveira, 39, mãe de uma menina disléxica de 12 anos, decidiu estudar pedagogia depois que recebeu o diagnóstico do transtorno de sua filha, há quatro anos. Ela uniu o desejo pessoal com a necessidade de buscar informações sobre o tema. A criança também desenvolveu obesidade e distúrbio de ansiedade.

Hoje, duas vezes por semana a criança faz tratamento no Centro de Triagem Neonatal e Estimulação Neurossensorial Dr. Tatuya Kawakam, em São Caetano.

"Ela melhorou muito porque hoje eu compreendo. Tem várias habilidades que outras crianças não possuem, principalmente em atividades práticas."

A mãe espera que o grupo Aprendiz estimule iniciativas parecidas em outras cidades brasileiras. Ela participou do primeiro encontro e marcará presença no próximo. "Esse grupo foi uma surpresa para nós. Veio para revolucionar. Que seja exemplo para o resto do País."

Cristina defende que professores recebam qualificação para aprender a lidar com o problema nas salas de aula. Sua filha chegou a confessar que sofreu bullying entre colegas. "Os educadores têm de ser compreensivos e capacitados. Tem gente que ainda acha que é frescura e faz chacota."




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