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Fé pode auxiliar na cura, diz estudo médico
Por Isis Mastromano Correia
Especial para o Diário
14/10/2006 | 23:01
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Se a fé remove montanhas, muitos afirmam que também pode curar. A célebre passagem bíblica, é claro, não se refere ao sentido literal das palavras e por isso, muita gente acredita que a forte convicção e o desejo de melhora pode ser um remédio eficiente contra doenças.

De acordo com estudo realizado pelo professor titular de Hematologia e Oncologia da Faculdade de Medicina do ABC, Auro del Giglio, a prática de orações se correlaciona com uma melhor qualidade de vida.

Para chegar ao resultado, foram estudados cem pacientes do Instituto de Oncologia da faculdade. A maioria dos que respondiam melhor ao tratamento apontou a oração individual como o tipo de medicina alternativa ou complementar mais utilizada se comparada a outras práticas, como a ingestão de vitaminas e ervas.

“Assim como o stress se associa a mal-estar e libera certas substâncias no corpo, algumas situações, como rezar por exemplo, se associam ao bem-estar. Daí para frente ainda não sabemos como isso é mediado dentro do organismo”, explica del Giglio.

Medicando a alma – Não é raro deparar-se com capelas e áreas interreligiosas em hospitais e a presença desses espaços ratifica a crença de que a fé pode auxiliar na cura.

Além disso, há também o trabalho de capelania hospitalar, ou seja, o serviço religioso prestado aos pacientes. “Grosso modo, 80% dos que nos procuram para atuar no hospital são evangélicos em todas suas denominações, e 20% são católicos. As outras religiões aparecem apenas em traços ”, diz o coordenador da capelania do Centro

Hospitalar Santo André Valdir Reis de Morais.

Atualmente, há seis pessoas trabalhando no Centro Hospitalar pela capelania católica e dez pela evangélica.

Ver para crer – A figura do médico, que no ideário popular surge como cética, pode estar se transformando. O cardiologista do Centro Hospitalar Santo André Servio Lucio Dainese Negrini acredita que hoje ciência e fé caminham juntas.

 “A fé é importante na cura, sim. A pessoa fica mais calma e confiante”, explica. “Todo paciente é multidisciplinar e isso inclui a parte religiosa”, completa.

A enfermeira Cleide Alves da Silva Gonçalves acredita que muitas vezes o doente crê mais no trabalho religioso do que no serviço médico. Isso porque a ajuda espiritual é pedida de forma espontânea, ao contrário do tratamento com remédios e outras intervenções.

 “O que observo é que, quando as pessoas estão doentes, elas somatizam muitas coisas, têm depressão. Nessas horas a gente nota que a fé melhora tudo isso”, relata.

Do lado oposto da equipe médica, a capelã evangélica Maria Inês Giorgi Tonon explica que há pré-requisitos para prestar auxílio religioso aos doentes.

O voluntário deve passar por um curso para receber instruções sobre saúde, além de um treinamento de 50 horas dentro de hospitais. “A oração dá uma qualidade de vida melhor ao doente. Ele se sente valorizado porque vê que alguém está se preocupando”, diz Maria Inês.

Exemplo de fé – “Uma fé em Deus não faz mal a ninguém”. É com esse pensamento que a dona-de-casa Ana Lúcia Barros Santos, de 42 anos, se despede do Centro Hospitalar Santo André onde ficou internada durante 15 dias por causa da pressão alta.

Com as malas prontas rumo a casa em que vive, no Jardim Irene, em Santo André, Ana Lúcia, que é católica, acredita que as orações ajudaram em seu restabelecimento. “Não acho que a religião seja o mais importante, mas a fé sim.”

 “Quando meus filhos adoecem eu também rezo”, conta enquanto aguarda a filha na capela do hospital, que em novembro completará 53 anos de fundação.  (Supervisão de Illenia Negrin)




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