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Hugo Chávez, o mito do novo libertador frente ao imperialismo americano
Da AFP
30/11/2006 | 16:40
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O ex-oficial "putschista" Hugo Chávez, que busca domingo a reeleição após oito anos no comando da Venezuela e que é considerado o defensor dos pobres, aparece cada vez mais como um ícone revolucionário, um novo libertador da América Latina frente ao poder hegemônico dos Estados Unidos.

"Para erradicar a pobreza, é preciso dar o poder ao povo", prega este camaleão político de 52 anos, que veste tão bem o uniforme de pára-quedista quanto o terno de luxo, que é capaz de citar Mao erguendo um crucifixo e que vilipendia um "império americano" ao qual ele vende metade do petróleo de seu país.

"Casado com a pátria", este pai de quatro filhos, duas vezes divorciado, fustiga com um tom de predador o "caminho do capitalismo que leva ao inferno", e garante que "o Cristo teria apoiado a revolução".

Onipresente da televisão através do interminável programa dominical "Alô Presidente", o tenente-coronel Chávez também é afeito aos palanques internacionais. Em setembro de 2006, ele chama o presidente americano, George W. Bush, de "diabo" durante um discurso na ONU.

"Sua fúria verbal é uma tática militar baseada na provocação", analisa o escritor Alberto Barrera em sua biografia "Chávez sem uniforme". "Uns destacam sua capacidade de liderança, outros criticam seu espírito messiânico e seu populismo desenfreado, mas ninguémm pode negar seu carisma", observa.

Este mestiço de branco, negro e índio nascido em 28 de julho de 1954 em Sabaneta, no estado de Barinas (centro) não parecia em nada ser predisposto para tal destino.

Educado por sua avó, o filho de um pofessor modesto entrou com 17 anos na Academia militar de Caracas, com uma vocação alimentada pelo diário de Che Guevara e pela lenda de Simon Bolivar, o artesão da independência nacional.

"Quando Hugo Chávez entrou para a academia, era um bicho-do-mato que queria virar um jogador de beisebol. Quatro anos depois, saiu de lá como um subtenente com idéias revolucionárias", disse recentemente o próprio presidente venezuelano.

Este admirador da revolução cubana, que chama Fidel Castro de "pai", ficou famoso ao apoiar dos golpes de Estado contra o governo corrupto de Carlos Andrés Perez, em 1992.

No dia 4 de fevereiro de 1992, os venezuelanos descobriram seu rosto pela primeira vez na televisão, onde aparecia de boina vermelha para anunciar sua rendição. Outro golpe fracassou em novembro, quando Chávez estava na prisão. Ele foi libertado dois anos depois, sob a pressão popular.

Fundador do Movimento para a Vª República (MVR), ganha a eleição presidencial de dezembro de 1998 com 56% dos votos, um resultado inédito. E triunfa em todas as votações seguintes com uma ampla margem.

Um referendo popular o autoriza no ano seguinte a modificar a Constituição e a rebatizar seu país de "República bolivariana da Venezuela".

Afastado do poder por um golpe liderado pelo patronado em abril de 2002, Chávez reassume o comando menos de dois dias depois graças a gigantescas manifestações e consegue superar uma importante greve geral de 60 dias, lançada em dezembro.

Com o apoio dos bairros pobres garantido graças às "missões", programas sociais financiados pelo dinheiro do petróleo, o presidente supera em 2004 um referendo revogatório com 60% de "não", um plebiscito que acaba com a oposição.

Odiado pelas elites, Chávez, cujos colaboradores controlam todas as engrenagens do Estado, radicalizou seu regime, pregando a instauração de um "socialismo do século XXI" e fortacelendo seus laços com os países do eixo do mal, hostis a Washington.

Mesmo se se defende de querer "instalar uma ditadura", advertiu que a oposição "nunca mais voltará ao poder", que ele não pretende largar antes de 2021, data do bicentenário da última grande batalha contra a coroa espanhola na Venezuela.




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