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Primeiro dia do Enem é marcado por surpresa

Redação sobre educação de surdos e alto grau de dificuldade em questões deixam candidatos aflitos

Daniel Macário
do Diário do Grande ABC
06/11/2017 | 07:00
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André Henriques/DGABC


O primeiro dia de provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano terminou com candidatos aflitos no Grande ABC. Marcado por tema inesperado de redação, sobre a educação de surdos, além de questões de violência doméstica, HPV e influência da internet, o exame fez com que boa parte dos participantes destacasse o grau elevado de dificuldade. Dos 6,73 milhões de inscritos em todo o País, 30,2% não compareceram. Trata-se do maior índice de abstenção desde 2009, quando foram registradas 37,7% de ausência.

Assim como ocorreu em anos anteriores, o congestionamento registrado nas principais vias da região novamente causou correria na chegada de estudantes às instituições de ensino para realizar o Enem. Em São Bernardo, na Anhanguera Uniban, ao menos seis participantes conseguiram entrar na universidade às 13h em ponto, horário de fechamento dos portões.

Alguns candidatos, no entanto, não tiveram a mesma sorte. Embora tenha saído de casa ao meio-dia, no bairro Alves Dias, em São Bernardo, em direção ao Rudge Ramos, Gustavo Menezes Silveira, 17, não conseguiu chegar a tempo para realizar o exame. “Geralmente, da minha casa até aqui leva uns dez minutos. Hoje (ontem), por azar, demorou mais de uma hora. Cheguei aqui 13h05 e (o portão) já tinha fechado”, lamenta o estudante, que deseja cursar Engenharia. “Fiquei bem chateado, pois estudei muito, mas não irei desistir.” Apesar dos atrasos, não foi registrado caso de tumulto nas instituições.

O tema da redação que, neste ano, propôs aos candidatos a fazer um texto dissertativo-argumentativo sobre os ‘Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil’, dividiu a opinião de participantes.

“Foi um tema que ninguém esperava. Os professores davam ideia sobre igualdade de gênero, homofobia, política. Acabou que tornou um pouco difícil a construção do texto”, relata Luiz Henrique Gomes da Silva, 17. Para a estudante Larissa Muniz, 18, a proposta, no entanto, foi válida. “É algo que está no nosso cotidiano e, no fundo, fala de inclusão.”

De acordo com a responsável pelo laboratório de redação do Colégio Objetivo, Maria Aparecida Custódio, a temática surgiu em um momento oportuno. “Este é o primeiro ano em que o Enem fez a inclusão de candidatos surdos. Esses participantes neste ano tiveram acesso às questões do exame traduzidas na Língua Brasileira de Sinais. Portanto, tornou-se pertinente falar”, destaca.

Na análise da especialista, o momento também serviu para o MEC (Ministério da Educação) assumir mea-culpa com a falta de inclusão desses alunos. “São poucas as instituições acessíveis a esses estudantes. Acho que é válido eles terem esse retorno dos próprios candidatos sobre alternativas. Além disso, o tema fala da inclusão, o que pode ter ajudado os alunos a criarem uma empatia.”

Ontem, além da redação, houve prova com questões de linguagens e ciências humanas. Estudantes, inclusive, também destacaram dificuldades na interpretação de texto. “Foram textos longos. Foi um desafio grande”, diz a auxiliar administrativa Suelen Garcia, 24.

No próximo domingo, dia 12, segundo dia de prova, serão aplicados os testes de ciências da natureza e suas tecnologias e matemática e suas tecnologias.




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