A simpatia de John McCrea na voz e na liderança da banda Cake e a empolgante performance ao trompete de Vince di Fiore foram diferenciais na apresentação do grupo na madrugada de sexta para sábado passado em São Paulo, no Hotel Unique. O músico baiano Tom Zé fez participação especial e botou ainda mais fogo no espetáculo – se o deixassem mais um pouco no palco, a cena seria roubada.

Pela primeira vez em turnê pelo Brasil, o grupo californiano mostrou no Unique (da 0h30 às 2h) um som na medida para dançar, vibrante, mas ao mesmo tempo tranqüilo e suave. Esta é outra característica que reforça a personalidade do Cake.

Na capital paulista, assim como em Porto Alegre (RS), Goiânia (GO) e Curitiba (PR), a banda divulgou o quinto disco da carreira, Pressure Chief, lançado no final de 2004. Tocou também canções dos trabalhos anteriores. O Cake já esteve no Brasil em 1999, mas apenas para apresentações em São Paulo e no Rio, no extinto Free Jazz Festival.

A interpretação dos sucessos Never There e a releitura de I Will Survive (o hit famoso na voz de Gloria Gaynor) levaram a platéia do Hotel Unique ao delírio. Cerca de 90% dos 3 mil ingressos – com preços entre R$ 60 e R$ 300 – foram vendidos. Com casa cheia, a balada estava quase perfeita.

O problema foi que, da pista, durante todo o espetáculo era difícil enxergar os músicos no palco, talvez porque a altura do mesmo não fosse compatível com o evento. Nesse quesito, a estrutura da sala não é das melhores. O negócio, para muitos, foi se contentar em assistir à apresentação nos telões. "Não enxerguei praticamente nada, mas mesmo assim valeu a pena", afirmou a advogada Cássia Blanco, de 29 anos.