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ABC Sem Racismo oferece cursinho
Artur Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
14/08/2005 | 09:20
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A ONG ABC Sem Racismo abre segunda-feira inscrições para as primeiras turmas de um curso pré-vestibular. São 100 vagas gratuitas a serem divididas entre afro-descendentes e indígenas (51%) e jovens de baixa renda (49%). O principal requisito é que todos os candidatos estudem ou tenham estudado em escolas públicas.

O presidente da ONG, o jornalista Dojival Vieira, afirma que as vagas estão divididas em um critério que tem recorte racial, sem excluir o foco socioeconômico. "Nossa idéia é não esquecer o peso da exclusão social contra os afro-descendentes", ressalta Vieira. A região tem cerca de 700 mil afrodescendentes, segundo Vieira. O número equivale a 28% da população do Grande ABC, de 2,5 milhões.

O cursinho foi idealizado para tentar reverter a baixa inclusão de afro-descendentes na universidade. No Brasil, apenas 2% dos universitários são afro-descendentes. "Na região esse percentual é semelhante", afirma o presidente da ONG.

A previsão para o começo das aulas é dia 1º de setembro. Serão aproximadamente quatro meses de um curso voltado ao reforço escolar. A medida tem como objetivo melhorar a formação de jovens que só conheceram a educação formal pública. "A escola pública não prepara jovens negros e pobres. As vagas das principais universidades são preenchidas pela classe média ou média alta, que cursaram escolas públicas de alto padrão ou então estudam em escolas particulares", salienta Vieira.

O prazo final para as inscrições é dia 30 de agosto. Os candidatos devem se apresentar na sede na ONG ABC Sem Racismo (rua Giacinto Tognato, 429, Baeta Neves, São Bernardo), com RG e comprovante de escolaridade que comprove a formação em escola pública.

O nome do curso ainda está em estudo. Por enquanto, os três finalistas são o ex-escravo e quilombola Zumbi dos Palmares, o ativista americano Martin Luther King e o ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela. "Vamos definir em uma reunião na segunda-feira", afirma Dojival Vieira.

O grupo aceita doações de empresas para ajudar no projeto. "O lanche e vale-transporte dos alunos viria dessas doações", afirma o presidente da ABC Sem Racismo. Os professores que desejarem trabalhar voluntariamente no projeto devem preencher uma ficha, com especificações como a disciplina a ser ministrada e metodologia. Dependendo da disponibilidade dos professores, será decidido se o curso será à noite ou aos fins de semana.

Além dos requisitos de renda e raça, interessados nas vagas devem morar no Grande ABC. Informações pelo telefone 3726-1574 ou pelo e-mail abcsemracismo@ yahoo.com.br.




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