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Pedido de prisao preventiva 'é um absurdo', diz Mansur
Por Do Diário do Grande ABC
25/02/2000 | 08:30
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O empresário Ricardo Mansur, ex-controlador das redes Mappin e Mesbla, disse nesta madrugada que considera um "absurdo" a sua prisao preventiva, decretada em Sao Paulo na quarta-feira pelo juiz Luiz Beethoven Giffone Ferreira, da 18ª Vara Criminal. Segundo ele, o juiz recebeu um laudo médico elaborado na Inglaterra que atesta que ele nao pode fazer viagens que durem mais do que seis horas e por isso nao poderia prestar depoimento numa audiência marcada para quinta-feira. "Onde estao os direitos humanos no Brasil?", disse Mansur. O juiz, que preside o inquérito sobre a falência do Mappin, afirmou no mandado de prisao que há indícios de desvio de bens e favorecimento de credores.

O empresário foi localizado no Grosvenor House Hotel, um dos hotéis mais luxuosos da capital britânica, situado diante do Hyde Park e nas proximidades da embaixada do Brasil. Segundo funcionários do hotel, Mansur está hospedado desde setembro num apartamento cuja diária custa cerca de R$ 1.200,00. Mansur, no entanto, disse que somente "fica de vez em quando no hotel".

Mandela - Ele disse que saiu do Brasil pois estava deprimido. "Foi colocado um administrador no comando das empresas e o que eu ia fazer, ficar em casa? Estava deprimido, com início de pneumonia e como tinha amigos na Inglaterra resolvi ir para cá para dar um tempo."

Questionado se isso representava uma espécie de auto-exílio, respondeu: "Veja o caso desse candidato republicano nos Estados Unidos (John McCain), que ficou cinco anos preso no Vietna. Veja o Mandela. Veja inclusive o nosso presidente, que teve que passar vários anos fora do país. Nessas situaçoes somente há dois caminhos: ou você cai de vez ou resiste e vence. Eu vou vencer, vou voltar a trabalhar no Brasil e muitos dos meus ex-auxiliares vao voltar a trabalhar comigo. Nao quero ser grande novamente, quero apenas tocar o meu negócio."

Mansur afirmou que atualmente nao está trabalhando. "Como vou trabalhar, com meu nome sempre na imprensa, com notícias que nao correspondem à realidade? Com quem vou falar de negócios?" O empresário disse que está quase recuperado de uma pneumonia, mas ainda tem problemas de depressao. Ele afirmou que visita o seu médico pelo menos três dias por semana. "O relatório médico dizia que dentro de três meses, provavelmente, poderei viajar ao Brasil. Aliás, isso é o que mais quero, ficar perto de minha família, nas minhas casas, e nao aqui. Você sabe o que é passar o Natal sozinho?" Ele negou ter viajado para os Estados Unidos e outros países nos últimos meses.

Empréstimo - O ex-dono do Mappin disse que nao tem medo de ser preso. "Vejo esse processo com naturalidade, meus advogados estao cuidando do caso. Nao adianta ter medo. Se estivesse no Brasil, por exemplo, poderia ser assaltado e morto num cruzamento." Mansur negou que mantenha um padrao de vida luxuoso na Gra-Bretanha. "Há muita fantasia sobre isso, criada principalmente pela imprensa. Hotéis, restaurantes, isso nao importa. O que é fundamental é estar perto de sua família e dos amigos."

Ele disse que está vivendo às custas de um empréstimo concedido por amigos. "Quando sai do Brasil, um grupo de amigos se ofereceu para emprestar um capital para eu viver e é com isso que eu estou me sustentando. A minha família trabalha no Brasil e se sustenta." Ele afirmou que perdeu tudo quando da quebra de suas empresas. "Todo empresário coloca tudo que tem na sua empresa, no seu negócio. Aquilo se torna a vida dele. E comigo nao foi diferente. Está cada vez mais difícil ser empresário brasileiro."

Mansur comentou também a quebra de suas empresas. "Havia dois vice-presidentes do Bradesco no conselho. Quando o banco parou de nos financiar, os outros bancos também pararam. E nesse negócio você precisa ter capital de giro para sobreviver" Questionado se sentia traído pelo Bradesco, Mansur afirmou que "isso nao existe entre pessoas jurídicas". "Mas acho que quando você tem uma desavença, uma discordância, é preciso sentar para conversar, para tentar se chegar a um acordo." Em relaçao às acusaçoes de que teria enviado e-mails contendo acusaçoes contra o Bradesco pela Internet, Mansur disse "que isso é mais uma das acusaçoes fantasiosas e absurdas" que fizeram contra ele. "Eu nem sei mexer com computador, nao entendo disso.




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