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Pacientes lotam corredores do Nardini
Por Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
27/01/2011 | 07:07
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Celso Luiz/DGABC


Não bastassem as tragédias causadas pela chuva em Mauá, mais um problema tem castigado parte da população da cidade. A capacidade do PS (Pronto-Socorro) do Hospital Nardini, atualmente é de 25 vagas de internação. Com todos os leitos ocupados, a fila de pacientes que aguardam transferência para o Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, ou Hospital Estadual Serraria, em Diadema, chega a até 20 pessoas diariamente. Portanto, o excedente é distribuído de forma improvisada pelos corredores do hospital. Essa foi a situação flagrada e filmada pelo Diário na tarde de terça-feira. Apenas nesse dia, 821 pessoas foram atendidas pela emergência, sendo que 41 precisavam de internação e, portanto, engrossaram a fila de espera.

Em meio à correria de enfermeiros e médicos pelas dependências do Nardini, pacientes pediam por ajuda nas macas provisórias colocadas em toda a extensão do corredor esquerdo do piso térreo. Ao fundo do andar, mais precariedade. Uma mulher dormia em um canto isolado, em cima de um fino colchonete e sem qualquer cuidado de higiene. Em uma sala escura, mais dois pacientes dormiam em macas coladas ao chão.

De acordo com a superintendente do hospital, Vânia Barbosa do Nascimento, a medida foi tomada por conta de uma reforma e ampliação na ala da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do PS, onde há dez leitos. A previsão é que a área seja liberada na segunda-feira, quando será a vez da sala de emergência passar por manutenção. Sem ter espaço para distribuir os pacientes que aguardam remoção, Vânia garantiu que todos são assistidos pelos profissionais do hospital.

"O local está apertado, mas seria uma irresponsabilidade parar com os atendimentos. É a única referência de urgência e casos graves da população de Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e até de parte da Zona Leste de São Paulo. Nossa característica é atender casos de média complexidade, por isso dependemos da remoção dos pacientes, que solicitamos todos os dias. Ainda sim é melhor que eles fiquem no corredor do hospital do que na rua ou em casa, onde não terão assistência médica", explicou.

MELHORIAS
Neste ano, metade do orçamento de R$ 159 milhões destinados à Saúde da cidade será empregada para manter o hospital, que desde março de 2010 é administrado pela Fundação ABC. De acordo com a superintendente, os avanços já podem ser contabilizados. No ano passado, foram realizadas 11.609 internações, contra 8.700 em 2009. Em menos de um ano, o número de leitos neonatais aumentou de três para dez. Nutricionistas e fisioterapeutas também já estão disponíveis para atendimento da população, que inclusive já conta com aparelhos para realização do exame de hemodiálise. Uma reforma estrutural foi realizada recentemente na entrada do PS e novos equipamentos foram adquiridos com recursos da Prefeitura.

UPAs podem desafogar procura na unidade

As quatro UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) previstas para serem entregues neste ano prometem aliviar a demanda do setor de emergência do Hospital Nardini. No aniversário da cidade, em 8 de dezembro, o secretário de Saúde e vice-prefeito, Paulo Eugenio Pereira, acenou que duas delas poderiam ser entregues até o fim de 2010, o que foi adiado para o primeiro semestre deste ano. São os casos das unidades do Jardim Anchieta e da Vila Magini.

As outras duas, nos jardins Maringá e Zaíra, devem ficar prontas no segundo semestre. A manutenção do equipamento gira em torno de R$ 700 mil por mês, sendo que o governo federal irá contribuir com R$ 150 mil. Por dia, cada unidade tem capacidade de atender 300 pacientes. "Desta forma, o Nardini ficará reservado para a finalidade de maternidade e intervenções cirúrgicas", explicou o secretário.

Para equipar as unidades, serão gastos R$ 1,4 milhão em aparelhos e R$ 2 milhões para erguer os prédios.

Do orçamento da Saúde deste ano, 30% irão subsidiar a rede de atenção básica, que tem hoje 21 unidades, sendo nove com equipes do Programa Saúde da Família. Segundo o Ministério da Saúde, atualmente o programa cobre 35% da população. No segundo semestre, duas novas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) devem ser entregues no Jardim Zaíra, com investimento de R$ 1 milhão em cada.

Entrega da AME trava no governo estadual 

A inauguração do AME (Ambulatório Médico de Especialidades) de Mauá, prevista para fevereiro, deverá ser adiada novamente por problemas burocráticos. Em acordo com o governo estadual, foi feito um investimento de R$ 4 milhões pela Prefeitura para reformar o prédio que comportará o ambulatório, na Rua Prefeito Américo Perrela, na região central da cidade, onde antigamente funcionava uma unidade de Saúde.

Em entrevista ao Diário, o secretário de Saúde, Paulo Eugênio Pereira, disse estar na expectativa da liberação por parte do Estado, que irá implantar o ambulatório no local.

No entanto, a reforma parece não ter atendido às requisições do governo. Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde informou que técnicos da Pasta fizeram vistoria no prédio e encontraram inadequações na obra. Ainda segundo o documento, um relatório foi encaminhado para a Secretaria de Obras de Mauá notificando as irregularidades. Enquanto isso, o Estado aguarda o retorno da administração municipal para dar continuidade ao processo.

A AME de Mauá terá três leitos de repouso e capacidade para realizar 11.247 consultas por mês e 28.117 exames, incluindo os laboratoriais. Entre os procedimentos possíveis estão previstas cirurgias de pequeno porte. A unidade terá capacidade de atender até 500 pessoas diariamente.




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