Quatro anos e cinco meses após ter começado a ser erguido, o CEU (Centro Educacional Unificado) do Jardim Silvina, em São Bernardo, segue inacabado e com obras paralisadas. O equipamento tinha previsão de ser entregue em setembro de 2011 inicialmente, mas completou três anos de atraso para abrir as portas a 1.292 crianças com idade entre 6 meses e 10 anos, o correspondente da creche até o segundo ciclo do Ensino Fundamental.

A última promessa da administração do prefeito Luiz Marinho (PT) era que o complexo fosse inaugurado no início de 2015, no entanto, mais um ano letivo da rede municipal começou, na última semana, sem as novas vagas. Até o ano passado, a cidade amargava o título de maior deficit em creches da região: pelo menos 4.145 crianças de até 3 anos na fila. Para a pré-escola – alunos de 4 e 5 anos –, 1.051 postos precisavam ser abertos para atender a demanda.

Em visita ao canteiro de obras na tarde de ontem, a equipe do Diário constatou que os trabalhos de finalização do prédio, que terá 28 salas, estão paralisados. De acordo com moradores do Conjunto Habitacional Silvina, localizado ao lado do equipamento, os funcionários da construtora H. Guedes Engenharia, responsável pela obra, não são vistos no local desde novembro. Sem vigilante, o espaço passou a sofrer depredações, como quebra de vidros e roubo de fios.

Uma das justificativas apontadas anteriormente pela Prefeitura para o atraso da entrega do CEU foi a necessidade de ajustes não especificados no projeto executivo durante as obras. A construção do complexo também ficou parada por cinco meses, em 2011, após atingir a estrutura do alojamento José Fornari.

É possível constatar ainda que o investimento previsto com a construção do equipamento ficará 25,4% maior. A estimativa da administração era gastar R$ 17,3 milhões. De acordo com a lei número 8.666, conhecida como Lei de Licitações, os aditamentos não podem ultrapassar 25% dos custos originais.

A comunidade do entorno do CEU Silvina reclama do abandono do espaço, tendo em vista a insegurança que se instalou na área. “À noite, principalmente, não sabemos o que acontece lá dentro, mas o prédio serve de refúgio para usuários de drogas e a malandragem”, diz um dos moradores, que prefere não se identificar.

Outra reclamação é a demora para que a fila de espera por vagas na creche ande. A supervisora de loja Fabiana Cristina Silva, 22 anos, observa que a irmã, a pequena Daphne, 2, ainda aguarda oportunidade de estudar. “Não tem nem previsão de quando vai surgir uma vaga. E por aqui tem um monte de gente nessa mesma situação. Mães que não podem trabalhar porque não têm com quem deixar os filhos”, lamenta.

Procurada para esclarecer os motivos do atraso na construção e entrega do CEU Silvina, a Prefeitura de São Bernardo não se manifestou.

Prefeito promete outros dois complexos em áreas periféricas

O prefeito Luiz Marinho (PT) anunciou a construção de outros dois complexos educacionais para a cidade. Os compromissos foram firmados em plenárias do OP (Orçamento Participativo) que elegeram demandas para 2015 e 2016, em maio.

Um dos CEUs beneficiará crianças do Alvarenga. De acordo com o prefeito, está sendo feito estudo para escolha de área. Já o outro será destinado à população da região ‘M’, que compreende bairros como Jardim Laura, Parque Jandaia, Jardim Primavera e Parque Ideal.

A cidade conta com três CEUs atualmente: o primeiro foi inaugurado em 2012 e tem capacidade para 5.000 alunos, na Vila São Pedro – custo de R$ 60 milhões. O CEU Três Marias, no bairro Cooperativa, foi aberto em agosto de 2012 – R$ 26,8 milhões para beneficiar 1.292 crianças. O CEU Parque Havaí abriu as portas em setembro de 2014, com três anos de atraso. A previsão era de custo de R$ 7,8 milhões, no entanto, foram investidos 23% mais para 900 estudantes.