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Obstrução de obras no terminal de Sto.André choca artistas
Nelson Albuquerque
Do Diário do Grande ABC
01/02/2003 | 16:25
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Alex Flemming, autor dos painéis instalados na estação ferroviária de Santo André, ficou chocado ao ver suas obras obstruídas por bancos e cabinas de venda de bilhetes. Já o mosaicista Sérgio Secches, responsável pela confecção dos painéis, mostrou-se indignado quando visitou o lugar quarta-feira passada e se deparou com a situação promovida pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos): “É um absurdo”.

A empresa promete uma solução para a próxima quarta-feira (5). “As seis novas bilheterias, com base de concreto, começariam a ser construídas na quinta-feira (30) e ficariam do lado esquerdo daquele acesso”, disse o chefe do Departamento de Estações linha AD, Lauro Jorri Neto.

Secches, também artista plástico e arquiteto, teve como primeira reação estranhar a postura da empresa de trens. “A CPTM tem um departamento de projetos e esse problema não é só uma falha cultural, é uma falha arquitetônica”, afirmou. Para ele, um lugar de circulação de pessoas tem de ter sua funcionalidade, mas também respeito pela estética. “É um ambiente para se passar uma mensagem, uma comunicação positiva”, disse.

A avaliação de Secches foi além, pois ele considera que a ação da empresa pode até ser uma “crítica à Prefeitura, que permite que ambulantes ocupem a área em frente à estação”. Segundo o mosaicista, o projeto dos painéis de Alex Flemming foi concebido para que se tivesse uma visão interna e externa. “O mural é muito integrado à arquitetura e dá identidade visual ao edifício”, afirmou Secches.

Segundo ele, existem muitas formas de organizar o espaço do ponto de vista funcional: “Essa obra é um marco de referência e, quando acontece algo desse tipo, todo mundo perde”.

Até quinta-feira passada os painéis continuavam obstruídos pelos equipamentos da CPTM. Os mosaicos, que demoraram cerca de 20 dias para ficarem prontos, são feitos de pastilha de vidro e foram inaugurados em 1992. É a primeira obra pública de Flemming, que recentemente ganhou uma concorrência pública para realizar outro trabalho em Potsdam, antiga capital imperial da Alemanha.

Manutenção – Os murais são obras de arte que convivem gratuitamente com o público. No Brasil, costumam sofrer com o vandalismo e com a falta de conservação. Outros trabalhos de autoria de Secches enfrentam essa situação em São Bernardo.

Os painéis instalados no largo São João Batista e na avenida Caminho do Mar apresentam falta de pastilhas e colunas de sustentação rabiscadas. “Parece que é preciso ir ao estado de deterioração para se ter uma reação. As cidades sofrem com a poluição visual, mas temos de preservar ao menos os marcos de referência”, disse.

Secches tem sua empresa, a Mosaico Objeto de Arte, sediada em São Bernardo. Um de seus mais recentes trabalhos, em parceria com a paulistana Oficina de Mosaicos, foi a confecção do mural de 600 m² em um novo prédio da avenida Angélica, em São Paulo. A obra é do artista Claudio Tozzi, que venceu o concurso promovido pela Quota Empreendimentos. O painel, em pastilhas de vidro, está coberto e será inaugurado este mês.




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