Em São Caetano, iniciativa cultural funciona somente com patrocínio desde 2004
Completar dez anos trabalhando em uma mesma empresa é muito. Já assoprar as velas do décimo aniversário não é tanto assim. É nesse dilema que a Cia da Matilde, de São Caetano, comemora uma década de existência.
“Poucas companhias conseguem chegar à marca de dez anos, mas, ao mesmo tempo, algumas peças teatrais precisam de até dois anos para ficarem prontas. É confuso quando a gente para e examina se é muito ou pouco”, diz o presidente da Matilde, Erike Busoni.
As comemorações de aniversário serão realizadas ao longo do ano. Hoje, às 22h, o 22º Sarau abre a programação especial. A cada 15 minutos, uma apresentação artística será encenada. Pode ser teatro, música, artes plásticas, cinema, dança, poesia ou qualquer outro tipo de manifestação. O artista pode se inscrever na hora e mostrar seu talento.
“É um encontro bem anárquico e livre. Tanto que não temos nem periodicidade para o sarau. Montamos quando o pessoal pede e quando sentimos a necessidade. Mas é tudo colaborativo, os artistas ajudam na organização, se apresentam e assistem”, conta Busoni.
Toda a divulgação das intervenções artísticas da companhia é anunciada por meio das redes sociais e dos próprios participantes. “Somos da época do Orkut, evoluímos com a internet e abastecemos bem nossas páginas. Postamos, produzimos vídeos e até transmitimos shows ao vivo.”
O espaço da companhia suporta até 300 pessoas. Entre as apresentações já confirmadas estão pintura em tela ao vivo (com Luciano Albamonte), música e poesia (Moises Vilas Boas), tecido aéreo (Hernani) e stand-up comedy (Macarrão).
Segundo o presidente, uma das principais conquistas da companhia foi fechar patrocínio com grandes empresas, o que mantém a Matilde de pé. “Não temos auxílio municipal e conseguimos fazer funcionar o único centro cultural da cidade, com todas as produções montadas em São Caetano. A região tem diversos grupos de extrema qualidade, mas com uma permanência difícil, justamente por essa falta de investimento por parte das administrações.”
A ideia da direção é realizar ainda uma festa no meio do ano e publicar um livro contando a trajetória da Cia da Matilde no fim de 2014. “Vejo como um incentivo para que outras companhias pensem num caminho parecido com o que a gente teve, batalhem e desenvolvam a cultura no Grande ABC.”
Ricardo III
Produzida em outubro do ano passado, a montagem Ricardo III é a primeira das 39 peças do escritor inglês William Shakespeare que serão encenadas nos próximos dez anos pela companhia no Shakespeare – Projeto 39.
Antes de estrear, o grupo conquistou o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2013. Venceu também o Aplauso Brasil, como melhor trilha sonora original e está indicado ao Prêmio Shell de melhor ator, para o protagonista Chico Carvalho.
No fim deste mês, a montagem estará também no Festival de Teatro de Curitiba, para duas apresentações. “Depois disso, estaremos ainda em Manaus e vou tentar encerrar a temporada ‘em casa’”, finalizou.
22º Sarau da Matilde – Intervenções artísticas. Hoje, a partir das 22h. No Universo Cultural da Matilde – Rua Senador Vergueiro, 551, Centro, São Caetano. Ingr.: R$ 10.
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