Política Titulo
Briga pelo topo gera alfinetadas

Corrida pelo Paço de Mauá acirra a rivalidade entre Vanessa Damo e Donisete Braga

Luís Felipe Soares
Mark Ribeiro
23/07/2012 | 07:11
Compartilhar notícia


A corrida eleitoral pela Prefeitura de Mauá traz à tona a disputa de velhos conhecidos no âmbito Legislativo. Os dois primeiros colocados apontados pela pesquisa do Diário, publicada ontem, são os deputados estaduais Vanessa Damo (PMDB), na dianteira com 25,8% da intenção de voto, e Donisete Braga (PT), aparecendo em segundo lugar com 13,7%. A briga pelo Paço aumenta a rivalidade entre os políticos.

A peemedebista acredita que os dados demonstram a boa aceitação popular da campanha e de sua forma de fazer política. "Sempre trabalhei respeitando as pessoas e apresentando propostas, sem contar a prestação de contas das nossas ações. É um sinal que nos motiva muito, mas temos de continuar trabalhando", disse, confessando estar animada com a boa vantagem que obteve sobre os concorrentes. "Os números parecem apontar que esse caminho de verdade que fazemos está sendo aprovado pela população."

Donisete não se mostrou incomodado com o levantamento, mas ressaltou que o resultado é prematuro. "Nossa campanha é de rua e o PT tem em Mauá a preferência de 35% a 40% do povo. Estou em segundo lugar por enquanto e muita gente nem sabe que estou concorrendo para prefeito", analisou. O petista aposta no bom prognóstico de sua carreira eleitoral, sendo que sempre saiu eleito das cinco campanhas que lançou (uma para vereador e quatro para deputado) e em nenhuma delas esteve na liderança das pesquisas iniciais.

Apesar do otimismo do prefeiturável, Vanessa analisa que ambos passam por nova realidade. "É impossível fazer comentários referentes a eleições passadas pois, assim como eu, o Donisete, nunca participou de uma eleição para a Prefeitura. Campanha para o Executivo difere muito de campanha para o Legislativo. É um outro estilo e um novo momento", explicou a deputada. Ela acredita que o fato de os munícipes estarem mais criteriosos neste ano poderá trazer "mudanças efetivas" a Mauá.

Na repercussão do resultado de intenção dos votos, o petista não perdeu a oportunidade para alfinetar a concorrente. "Estou candidato há apenas duas semanas. Ela (Vanessa) está há dois anos em campanha. Os 25% que obteve são a favor dela, do Leonel (Damo, pai da deputada e ex-prefeito) e do José Carlos Grecco (ex-prefeito)", considerou Donisete. "Não andamos sequer 1% do território de Mauá. Falta muito a caminhar até outubro."

 

Pesquisa anima Diniz e Ozelito; Atila ignora

O resultado da primeira pesquisa do Diário sobre a eleição para a Prefeitura de Mauá gerou reações distintas entre três prefeituráveis que, segundo o levantamento, brigam com o petista Donisete Braga (13,7%) para chegar ao segundo turno. Diniz Lopes (PR - 9,7%) e Irmão Ozelito (PTB - 8,2%) se empolgaram com os índices conquistados, enquanto que Atila Jacomussi (PPS - 10,6%) preferiu não tecer comentários aprofundados sobre a sondagem.

"Pesquisa não importa. O que importa é o resultado das urnas em 7 de outubro. Vou chegar ao segundo turno e é notório que vencerei qualquer adversário", discorreu o popular-socialista.

Diniz, que comandou a Prefeitura interinamente por onze meses em 2005, classificou o seu percentual como "ótimo". "Faz uma semana que estou com a campanha organizada e me tornei candidato há apenas um mês. Por isso achei que sairia com uns 6%", considerou. "Muitas pessoas me ligaram empolgadas."

O republicano declarou que, caso Vanessa Damo (PMDB) consiga ingressar no segundo turno (lidera com 25,8%), "qualquer um" derrotará a peemedebista na rodada final da eleição, prevista para 28 de outubro. "Na reta final a gente cresce. Já a Vanessa, que está fazendo campanha há dois anos, já atingiu o pico. É daí para baixo."

O vereador Irmão Ozelito recebeu o resultado com surpresa, já que aparece tecnicamente empatado em segundo lugar com Donisete, Atila e Diniz - a margem de erro é de três pontos. "Achei muito positivo. Ainda não estou com todo o material de campanha em mãos", justificou.

O petebista iniciou a corrida eleitoral apenas com alguns cartões que distribui nas caminhadas, e espera contratar empresa de carros de som até o fim da semana. "Nossa campanha tende a dar muito trabalho", projetou.

 

Candidatos não se preocupam com números desfavoráveis

"A campanha está apenas começando." A frase foi a mais ouvida durante a repercussão entre os oito candidatos à Prefeitura de Mauá sobre o resultado da primeira pesquisa do Diário. O estudo tem grande valor também para os prefeituráveis que apareceram na parte de baixo da tabela.

Entre eles, destaque para Paulo Bio (PV), sétimo lugar na preferência da população (1,9%), mas que teve o maior índice de rejeição, com 59,1%. "Talvez esse seja o único item que me espantou um pouco. Mas não me preocupo, pois os outros também aparecem com bastante rejeição nesses primeiros dados", analisou o empresário. "Nossa estratégia é evoluir aos poucos. Por hábito, não contesto. Mas pesquisa boa é aquela na qual você está em primeiro", brincou.

Candidato do PSDB, Edimar da Reciclagem, em sexto lugar com 3,2%, não se assustou com os números. "Está dentro do que imaginávamos mesmo. É apenas uma largada. Vamos também tentar conquistar os indecisos, que são eleitores que ainda não tiveram simpatia por ninguém", explicou o tucano, ressaltando que também irá trabalhar em cima da rejeição dos concorrentes. Ele aguarda dar início a essa nova etapa da briga a partir do fim de semana, quando espera ter todo o material de divulgação da campanha à disposição.

José Silva (Psol) surge no último lugar, com apenas 0,9% das intenções de voto, e confessou que esperava ver seu nome na ponta de cima. "Pesquisa é o termômetro daquele determinado momento. Queria já aparecer em quarto lugar, mas paciência. Se a eleição fosse hoje, tenho certeza absoluta de que não seria essa porcentagem que apareceu", afirmou o professor.

A partir desta semana, o socialista deixará as visitas às feiras livres um pouco de lado para se concentrar em ações nos grandes centros comerciais - dessa vez com carro de som.

Com o trio apostando no espírito de mudança dos mauaenses, a corrida não está perdida. "Sinto um cenário bem embolado e com muita gente indefinida. Vamos aguardar", disse Bio.

 

Petista vê Estado como o grande obstáculo

Os conflitos partidários têm complicado as melhorias em Mauá. Essa é a visão do candidato ao Executivo pelo PT, Donisete Braga, que acredita que enfrentar esse tipo de dificuldade talvez seja seu maior obstáculo caso saia vitorioso na eleição de outubro.

Em caminhada realizada ontem pela manhã no Jardim Itapark, o deputado estadual analisou que as diferenças existentes entre seu partido e os tucanos, que comandam São Paulo, é uma barreira para a cidade. "O desconforto existe porque o Geraldo Alckmin (governador) deveria fazer o que o Lula fez e a Dilma faz: um governo republicano sem discriminação partidária", criticou. "É um grande desafio. Não vamos medir esforços para fazer uma articulação com o governo do Estado."

O corpo a corpo teve início na Rua Brilhante, às 10h30 - estava programado para começar às 10h, mas Donisete aguardou a chegada de seu carro de som para seguir pelas ruas. Para o bairro, considerado um reduto petista pelo candidato, estão planejados aumentos de linhas para o transporte coletivo. Outro avanço seria colocar em prática o bilhete único no município que iria integrar trem e metrô.

A discussão do modelo de funcionamento da UBS (Unidade Básica de Saúde) da região e da unidade da Vila Flórida foi outro ponto levantado durante o compromisso. Apesar do intuito de fazer com o que os pontos fiquem abertos 24 horas, o imbróglio partidário também precisará ser administrados para a questão.

"Mauá é quem banca a saúde pública federal, uma vez que pagamos 40% do que é investido na área na cidade. Lamentavelmente, o Estado não tem tido uma prática republicana nos municípios. Temos credibilidade junto ao governo federal para trazer investimentos, mas também é fundamental o Estado nos ajudar", afirmou Donisete.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;