Setecidades Titulo Deixou 27 feridos
Dono de bar vai ser indiciado por desabamento em Santo André

Acidente durante evento que reunia cerca de 500 pessoas completa um ano hoje

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
24/09/2019 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Em 23 de setembro do ano passado, durante evento de talentos que era realizado no Bar Dançante Dom Paollo, no Centro de Santo André, o desabamento do mezanino deixou 27 pessoas feridas. Um ano depois, o inquérito está prestes a ser concluído e o responsável pelo bar, que ficava na Rua Gestrudes de Lima, Paulo José Ramos de Carvalho, será indiciado pelo crime de desabamento, cuja pena prevista no Código Penal é de um a quatro anos, e multa. Se o crime for culposo, ou seja, sem intenção, a pena cai para seis meses a um ano. O inquérito foi aberto no 1º DP (Centro).

Por volta das 17h do dia 23 de 2018, um domingo, o mezanino desabou. O local abrigava concurso de talentos infantis, promovido pelas empresas Talentos Brilhantes TV e Tele Arte. Estavam presentes no evento o apresentador Leão Lobo e o ator mirim Jean Paulo Campos, conhecido pelo personagem Cirilo, da novela Carrossel. Segundo o Corpo de Bombeiros, o estabelecimento não tinha autorização nem AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) para promover evento daquele porte. Mais de 500 pessoas estariam no local.

Muitas das vítimas são de outros Estados e têm sido convocadas a depor por meio de cartas precatórias. Segundo a equipe de investigação, ainda falta o depoimento de pelo menos sete delas. O inquérito só será concluído quando todas forem ouvidas. 

Perícia feita no local identificou que o desabamento foi causado por erro conceitual de projeto de obra que foi realizada na estrutura que desabou. Na ocasião do acidente, todas as vítimas foram socorridas para o CHM (Centro Hospitalar Municipal) e PS (Pronto-Socorro) Central de São Bernardo, entre outros.

Carvalho, responsável pelo bar, afirmou que o incidente foi uma fatalidade, e negou que tenha feito a reforma no mezanino. “Apenas alugava o espaço. Fui procurado para a realização de um evento e subloquei. Não fiz a obra do mezanino, acredito que o engenheiro responsável pelas intervenções também deve ser citado no inquérito”, afirmou. Aos 53 anos, Carvalho tem trabalhado fazendo “bicos” como técnico de som. 

“Perdi tudo. Devo no banco, estou com o nome negativado, respondendo a diversos processos, tive que tirar minha filha da escola particular porque investi tudo que tinha no aluguel do espaço e na criação do bar. Quando estava começando a ter algum retorno, houve essa fatalidade”, lamentou. Na Justiça tramitam vários processos pedindo indenização por danos morais, em que o responsável pelo bar é um dos citados. Alguns deles também são contra as empresas que organizaram o evento. 

Diretor da Talentos Brilhantes, Flavio Campos Marques, 55, informou que a empresa também foi vítima e que amargou prejuízos. Segundo ele, a Tele Arte foi contratada para organizar o evento, que contaria com um desfile. Na última hora, informou que o local para a atividade havia sido mudado. “Além de várias pessoas que cancelaram seus contratos com a agência, tivemos que ressarcir celulares, óculos que foram perdidos, entre outras despesas”, afirmou. A empresa processa a Tele Arte por danos morais. A equipe do Diário entrou em contato duas vezes com a Tele Arte, mas nenhum responsável retornou até o fechamento desta edição.

Vítimas convivem com traumas e prejuízos

O autônomo Cristian Abdalla, 42 anos, morador de Itaí, no Interior de São Paulo, queria realizar o sonho da filha Estela, 15, de ser modelo. Pesquisou por um bom tempo na internet antes de contratar os serviços da empresa Talentos Brilhantes TV, que agenciava a garota. O desabamento do mezanino do Bar Dançante Dom Paollo, no Centro de Santo André, no entanto, enterrou o sonho, além de acarretar traumas e prejuízos.

Abdalla relatou que tanto a filha quanto o filho, Rafael, 13, se feriram no incidente. A garota com menos gravidade, o menino com ferimentos mais amplos. “Com ela foi mais tranquilo, mas ele caiu do mezanino e ficou bastante traumatizado. Faz acompanhamento psicológico até hoje”, comentou. Segundo o relato, a família investiu R$ 1.600 para a produção de fotos da garota. 

“Depois do incidente, não recebemos nem um telefonema. Na confusão, perdemos roupas, calçados, documentos e celulares, tudo ficou no local e não conseguimos reaver nada”, contou. O autônomo processa a empresa por danos morais.

PERÍCIAS

Durante as perícias realizadas no local após o desabamento do mezanino, foram constatadas estruturas enferrujadas e soldas irregulares. O responsável pelo bar e locatário do imóvel à época do incidente, Paulo José Ramos de Carvalho, afirmou que não executou qualquer obra no mezanino, apenas no palco. “O responsável pela obra deveria estar citado no inquérito”, defendeu. O inquérito policial, que está perto de ser concluído, deve indiciar Carvalho pelo desabamento. 




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