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Ferrari sente o gosto amargo do descaso em Interlagos
Raphael Ramos
Do Diário do Grande ABC
23/09/2005 | 08:43
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Na terça-feira, Rubens Barrichello já admitira que as expectativas da Ferrari para o GP Brasil não eram das melhores. Mas foi quinta-feira, quando o circo da Fórmula 1 definitivamente instalou-se em Interlagos, que a escuderia italiana sentiu o gosto amargo de ser coadjuvante.

Agora, as grandes estrelas da categoria mais importante do automobilismo mundial são Fernando Alonso e, conseqüentemente, a Renault, líder entre os Construtores. Aqui, o espanhol de 24 anos está muito perto de tornar-se o campeão mais jovem da história da Fórmula 1. Justamente diante dos compatriotas do atual detentor desta marca, Emerson Fittipaldi.

A Ferrari, então, parece vermelha de vergonha. Seu box não é o mais assediado, assim como sua dupla de pilotos, Rubens Barrichello e Michael Schumacher. A imprensa e os fãs de todo mundo só querem saber de uma coisa: Fernando Alonso.

Cada passo do espanhol é seguido por dezenas de câmeras e flashes. Até uma rápida ida ao banheiro é motivo de agitação. A primeira entrevista coletiva de Alonso desde sua chegada ao Brasil aconteceu às 14h30 de quinta-feira. Mas antes disso, o circo da Fórmula 1 já estava parado à sua espera. E bastou o espanhol despontar no fundo do box, para que os jornalistas começassem a se acotovelar para ouvir uma simples declaração do homem que precisa de apenas de um terceiro lugar para confirmar a condição de melhor piloto do ano e candidato a novo fenômeno do automobilismo. Todos queriam saber como está sendo seu cotidiano às vésperas da corrida, qual a expectativa de ser campeão no Brasil, além, é claro, das comparações com Fittipaldi.

Enquanto isso, ninguém dava atenção para a Ferrari. A escuderia mais tradicional da Fórmula 1 ficou em segundo plano – ou melhor, em terceiro plano, pois a McLaren, do vice-líder Kimi Raikkonen, também foi foco de grande badalação.

Pela manhã, Schumacher conseguiu atrair a imprensa brasileira numa entrevista coletiva em um hotel da zona sul. Foi quando o alemão aproveitou para minimizar a participação de Rubens Barrichello nos títulos que conquistou na Ferrari tendo o brasileiro como companheiro de equipe. "Eu ganhei os títulos sozinho. Fui eu quem ganhou as provas. Não foi ninguém que ganhou por mim", disse. À tarde, quando falou com os jornalistas no paddock de Interlagos e teve de dividir a atenção com os demais pilotos e escuderias, não atraiu mais do que 15 jornalistas e deu respostas bem mais amenas.

Barrichello também é obrigado a conviver com a nova realidade de não ser mais o centro das atenções por atuar na Ferrari e ser companheiro do único heptacampeão da história da Fórmula 1. "Coadjuvante não é a melhor palavra para definir esta situação, mas tenho de reconhecer que o interesse não é o mesmo. Digo claramente que a chance de conseguir a pole é de 0%, ou melhor, talvez 1%. E as chances de ganhar a corrida são de 10%. Mas vou lutar para ter uma final de semana de alegrias", disse. Até mesmo Jean Todt, tido como grande responsável pelos seis últimos títulos consecutivos no Mundial de Construtores da Ferrari, andou cabisbaixo por Interlagos.

Outro que sente o sinal dos novos tempos é Nelson Piquet. O tricampeão da Fórmula 1 circulou pelo paddock sem despertar muita curiosidade. Foram apenas alguns tímidos flashes e o brasileiro pôde conversar tranqüilamente por longos minutos com membros da Williams.




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