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Nardini continua em reforma

Prefeitura de Mauá assinou termo de aditamento de contrato que prorroga obras por mais 227 dias e promete entregas para agosto

Bia Moço
03/07/2018 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


A população de Mauá continua à espera do fim da novela em que se transformou a reforma do Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini. Iniciada em maio de 2015 e prometida para ser entregue em meados de 2016, a revitalização da unidade de referência ainda não tem data para terminar porque a Prefeitura concordou em esticar o contrato com a Engecon por mais 227 dias – quase oito meses –, além de reajuste no valor da obra para cerca de R$ 8,4 milhões.

Em 2015, o custo total estava avaliado em aproximadamente R$ 5,6 milhões e, somente para reforma do pronto-socorro – entregue em 8 de dezembro, com mais de um ano de atraso – foi pago cerca de R$ 200 mil a mais do valor inicial, totalizando R$ 5.8 milhões. O prazo de vigência do contrato é até 30 de novembro.

O atraso, já velho conhecido da população, tem prejudicado os pacientes internados e revoltado familiares, sobretudo aos que acompanham idosos e crianças. As denúncias relatadas não são difíceis de constatar. A equipe do Diário esteve no equipamento e, ao percorrer o sexto andar, onde ficam os quartos e UTI (Unidade de Terapia Intensiva), confirmou vários problemas, como banheiros inutilizáveis, sujeira e falta de equipamentos – não havia suporte de soro suficiente para todos os quartos e internados.

Gilberto Alves de Moura, 73 anos, internado com água no pulmão, disse que recebe atendimento “bem mais ou menos”, e que há poucos médicos. Além disso, o aposentado relatou que “os doutores passam muito pouco para ver os pacientes”.

A filha de Moura reclama da sujeira e lamenta o péssimo estado de conservação de partes do hospital. “O problema é que quando olhamos o suporte (de soro) é de dar nojo, está todo sujo. Aí olhamos as paredes pretas e descascadas, camas caindo aos pedaços, chão sujo, enfim, o andar de internação é uma verdadeira nojeira”, disse a diarista Maria do Socorro Jacob, 52 anos, durante visita.

SITUAÇÃO

Embora a reforma do PS tenha sido elogiada pelos pacientes, a situação de bagunça não mudou. O cenário de macas espalhadas pelos corredores demonstra que a fama de hospital do corredor ainda persiste, ao contrário do prometido pela administração ao entregar o espaço, reformado, em 8 de dezembro. Também é possível observar adolescentes acomodados em macas infantis, além de mistura de faixas etárias nos corredores, com doenças distintas.

As condições sub humanas revoltam os funcionários, principalmente porque o primeiro e quarto andares estão em obras desde 2015. Com fios expostos, madeiras separando os espaços e poças d’água, os pavimentos em obras que caminham a passos de tartaruga atrapalham a rotina. “Isso aqui não tem fim. É mais fácil derrubar tudo e construir um novo hospital do que terminarem essa reforma. Vou morrer e a obra não vai ter sido entregue por completa”, disse funcionária antiga, que preferiu não se identificar.

JUSTIFICATIVA

Procurada, a Prefeitura de Mauá informou, por meio de nota, que o valor alterado está de acordo com os limites estabelecidos em lei e que “a dilatação de prazo contratual do primeiro pavimento ocorreu em razão da falta de liberação total da área referente à UTI para conclusão da obra no prazo planejado”.

A administração afirma que, atualmente, a área da UTI está com 85% dos serviços já executados, assim como outros departamentos. Já as áreas do refeitório, almoxarifado, distribuição, farmácia, conforto e sala de estudos estão com 60% dos serviços prontos. 

“A não continuidade do contrato, faltando executar apenas 3,9%, comprometeria a funcionalidade no atendimento, tendo em vista as necessidades relativas às atividades desenvolvidas. Uma interrupção na execução deste contrato seria mais onerosa ao município, pois demandaria nova licitação, o que não compensaria no estágio em que está a obra, com 96,10% do contrato já executados”, explica a administração municipal.

Ainda de acordo com a Prefeitura, a programação para finalização da UTI e demais áreas (como plantão, copa, casa de máquinas e de lavagem) é até o dia 31 de julho. Outras, como refeitório, almoxarifado e farmácia, devem estar prontas até 31 de agosto.

Atendimento no PS é tranquilo no primeiro dia após início de restrições

O primeiro dia de mudança no atendimento do PS (Pronto-Socorro) do Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini foi bem aceito pela população. Tanto que não houve registro de problemas. Embora desde ontem o atendimento seja restrito, pacientes que chegaram sem saber da determinação e foram encaminhados para UPA (Unidade de Pronto Atendimento) receberam a notícia sem reclamar. Uma placa na porta da unidade indica a mudança desde a semana passada.

A partir de agora, o Nardini receberá somente casos de urgência, ginecologia, psiquiatria e ortopedia. A mudança, determinada na última quarta-feira pela FUABC (Fundação do ABC) – administradora do sistema municipal de Saúde – e a Prefeitura de Mauá, visa melhorar a qualidade do atendimento e diminuir o tempo de espera na recepção.

Pacientes que aguardavam atendimento elogiaram a medida, tendo em vista que o tempo de espera não ultrapassava 30 minutos – até domingo, somava mais de três horas. 




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