Setecidades Titulo Proteção ambiental
Leilão coloca Emae e moradores em colisão
Bia Moço
Especial para o Diário
12/07/2017 | 07:00
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Terreno de cerca de 230 mil metros quadrados será leiloado hoje pela Emae (Empresa Metropolitana de Água e Energia) por valor a partir de R$ 8,6 milhões. Localizada no fim da Estrada Galvão Bueno, entre o Parque Los Angeles e o Jardim Nova Canaã, em São Bernardo, a área é considerada de proteção ambiental e faz parte de inquérito do MP (Ministério Público) do município, aberto a partir de ação de ONG (Organização Não Governamental) para acompanhar a destinação do terreno.

Lideranças comunitárias do Parque Los Angeles são contrárias à venda do terreno, pois temem o que será feito pelo comprador do espaço. Entre outras iniciativas, a comunidade exige que a área, que abriga espécies nativas da Mata Atlântica, seja transformada em parque.

Segundo informações dos moradores, o terreno que hoje vai a leilão abrigou no passado espécie de clube de campo da ACM (Associação Cristã de Moços), onde foi a primeira área de acampamento do Brasil, conhecida como Acampamento Billings.

Atualmente, a área está sob os cuidados da ONG AGDS (Associação Global de Desenvolvimento Sustentado), a qual afirma que o espaço deve ser mantido como unidade de conservação, pois apresenta uma floresta maciça preservada, existindo fauna local, como capivaras, tucanos, papagaios, maritacas, macacos bugios, saruês, jacumirins, porcos-espinho, garças, patos selvagens e esquilos, entre outros animais, além de ser área produtora de água à Represa Billings.

Segundo Adeilson Arruda Silva, o Gazo, líder comunitário do Parque Los Angeles, se a área for leiloada, a cidade corre o risco de perder uma reserva ambiental de valor histórico. “Corremos o risco de que essa inciativa traga para cá empresas ou atividade que não têm nada de interessante. Escolhemos morar aqui por conta do verde, o contanto com a natureza, o ar mais puro, visando a qualidade de vida”, comenta.

Os moradores garantem que não medirão esforços para preservar o local. “Independentemente da empresa que pegar a área, vai ter de preservar nosso verde”, acrescenta Gazo.

O local ficou com administração da AGDS diante de acordo firmado com a Emae, pelo qual a ONG ficaria responsável pela manutenção e cuidados da área. O espaço conta com nove chalés, cozinha industrial, zeladoria, vestiários, campo e quadra de futebol, trilhas e escritório, entre outros patrimônios construídos pela ACM, na década de 1940, reformados e mantidos pela Associação.

Nelson Pedroso, representante da ONG, explica que tramita processo municipal para o tombamento da área em razão de seus patrimônios histórico, ecológico e paisagístico. “Ficamos 12 anos cuidando de tudo, o fato de leiloar a área não diminui nosso interesse e não nos faz menos resistentes para manter o espaço. Essa é a nossa luta e, se depender da ONG e dos moradores, vamos brigar para que ela continue preservada. Se uma empresa de logística adquirir (a área), é bom que saiba disso”, alerta. 




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