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Procurador da empresa uruguaia é sogro de Sérgio Gomes
Por Joaquim Alessi
Do Diário do Grande ABC
10/07/2002 | 08:36
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A empresa uruguaia Valgares S/A, que tem estreitas ligações com a Projeção de Santo André, investigada pelo MP (Ministério Público) e pela PF (Polícia Federal) no suposto esquema de cobrança de propinas no município, tem como procurador no Brasil o administrador Gerardo Pugliese, sogro de Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, que é casado com Adriana Pugliese.

Gomes da Silva é o amigo que dirigia a Pajero quando o ex-prefeito Celso Daniel (PT) foi seqüestrado, em janeiro. Ele foi denunciado pelo MP juntamente com o empresário Ronan Maria Pinto, Humberto Tarcísio de Castro e Irineu Nicolino Martin Bianco, por formação de quadrilha para extorquir empresários de transportes de Santo André.

A revelação de que, em 1999, Irineu, Ronan e Humberto trataram da inclusão da Valgares no contrato social da Projeção foi feita com exclusividade pelo Diário na edição de domingo. Comunicados internos confidenciais, assinados por Ronan e Humberto, além de minutas de contrato, mostram na prática a Conexão Uruguai. O esquema já vem sendo apurado por promotores e pela PF, que na semana passada ouviu uma testemunha.

A Projeção foi sócia da Expresso Guarará, responsável pela construção do terminal de Vila Luzita e pelas obras viárias do sistema tronco-alimentado. Foi depois desse trabalho em conjunto que os proprietários da Guarará acusaram Humberto de Castro de praticar extorsão, o que os teria levado a entregar toda a participação em outra empresa, a Nova Santo André. Eles acusam de fazer parte do esquema o ex-secretário de Serviços Municipais, Klinger Luiz de Oliveira Sousa.

No domingo, Humberto negou a existência da Conexão Uruguai, que serviria para facilitar a remessa ilegal de divisas para o exterior, e disse desconhecer a existência da Valgares. Entre os documentos obtidos pelo Diário, porém, há um comunicado escrito à mão e assinado por ele com orientações a Bianco sobre como proceder o registro do contrato da Projeção tendo a Valgares como sócia. Ele até sugere que se “evite nomes uruguaios” para não ter problemas em licitação. O Diário telefonou para a casa de Gerardo Pugliese e deixou recado com sua mulher, mas ele não retornou às ligações.

Remessa - O Diário também conseguiu um demonstrativo de remessa, pela Projeção, de dinheiro em moeda estrangeira. Ele relata o envio de US$ 2,5 mil. Há uma taxa de US$ 60, e o câmbio é feito a R$ 2,02. Ao pé, aparece a letra de Bianco: “Remessa efetuada em 12/11/99. Ok. Recebido em 17/11/99 conf. sr. John”. No dia 10/11/99, saiu da conta 03815 do Banespa da Senador Fláquer, em Santo André, um cheque da Projeção no valor de R$ 5 mil. Mas a conta exata dos US$ 2.560 a R$ 2,02 é R$ 5.171,20. No dia 22/11/99, é feita então uma transferência em caixa eletrônico do Bradesco no valor de R$ 171. O dinheiro sai da conta da Expresso Nova Santo André.

Ilhas Virgens - Outro comunicado emitido de Irineu para Ronan/Sérgiosugere a constituição de uma segunda off-shore (a primeira foi a Valgares), com o nome Vulcano Investiments Limited, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas.

Assim como a uruguaia Valgares entraria de sócia na Projeção, essa empresa britânica passaria a ter 75% de uma outra empresa do grupo, a Faconstru, que tinha como sócios a mulher de Humberto e seu irmão, Adriano de Castro. A proposta de alteração do contrato social é idêntica à que se deu no caso da Projeção.




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