Esportes Titulo Atleta paraolímpica
Bruna Alexandre sonha alto e conduz tocha em São Caetano

Atleta do tênis de mesa vai aos Jogos Paraolímpicos do Rio, mas, antes, carrega chama na cidade que a acolheu após Londres-2012

Por Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
23/07/2016 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Essa é uma daquelas histórias de superação. Mas sem fundo musical triste. Muito pelo contrário. Apesar das situações vividas nos primeiros meses de vida, quando em razão de uma vacina mal-aplicada teve trombose e precisou amputar o braço direito, Bruna Alexandre, 21 anos, leva a vida com sorriso no rosto e vontade de alcançar mais e mais objetivos. Classificada para os Jogos Paraolímpicos do Rio no tênis de mesa, é atual terceira colocada no ranking mundial e vai conduzir hoje a Tocha Olímpica em São Caetano, cidade que apesar de não ser sua natal (é natural de Criciúma, em Santa Catarina), a adotou após a Paraolimpíada de Londres e abriga seus treinos com a Seleção olímpica.

“Quando eu tinha três meses, o médico foi dar a BCG (vacina contra tuberculose) e deu trombose. Tomei às 18h e quando foi por volta da meia-noite o braço estava podre. Então, teve de amputar na hora para não passar ao corpo inteiro. No fim, deu todo o rolo, o médico foi preso, depois foi solto, mas o hospital me deu todo apoio”, contou Bruna Alexandre, que hoje apresenta independência total: mora sozinha longe da família, anda de skate e bicicleta (hobbies preferidos) e dirige sem problema.

“Às vezes, nem acho que tenho um braço só. Faço tudo, não preciso de ajuda. Tudo quando é para acontecer, acontece. Deus tem um caminho para a pessoa. Hoje, com um braço, consigo ser espelho para muita gente, e consegui brilhar, trazer resultados muito bons para o Brasil”, completou.

A tatuagem no ombro esquerdo evidencia a personalidade da mesa-tenista: uma estrela. E seu sonho é brilhar não só nos Jogos Paraolímpicos, mas também na Olimpíada de 2020, em Tóquio. “Quero conseguir primeiro meu objetivo nos Jogos Paraolímpicos, porque o Brasil não tem nenhuma medalha individual, então quero chegar entre as três, ou até na final, e a medalha em equipe. Se alcançar isso, com certeza vou lutar pelos Jogos Olímpicos também”, projetou.

Mas antes de Paraolimpíada ou qualquer outra coisa, Bruna Alexandre vai carregar a Tocha Olímpica hoje. E quando o assunto foi este, a jovem demonstrou um pouco de timidez, mas afinou o discurso. “É uma grande oportunidade para o atleta, ainda mais em São Caetano, que me recebeu de braços abertos. Fico muito feliz e honrada, agradeço à Prefeitura por acreditar no meu potencial em representar o município”, comentou. “Não sei (como vai ser), não tenho muita ideia. Mas vai que eu caio?”, brincou, já um pouco mais descontraída.

A atleta ainda destacou o fato de ter duas pessoas próximas que conduzirão a chama: a colega de treinos Caroline Kumahara e a coordenadora da modalidade, Vanda Dal Col. “Fico muito grata a elas, que estão comigo nessa. Orgulhosa de estar com a Vanda, que foi grande referência no Brasil junto com a Hortência. Vai ser grande honra estar ao lado dela e da Caroline Kumahara, que é minha parceira de treino, amiga e melhor mesa-tenista do Brasil. Vamos ver o que vai dar depois.”




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