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Autran estréia 'Adivinhe Quem Vem para Rezar'
Ana Carolina Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
10/08/2005 | 08:41
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Paulo Autran surge na coletiva de Adivinhe Quem Vem para Rezar, que estréia nesta quinta-feira no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, aparentando a fragilidade de alguém que chegou aos 82 anos. Chega andando devagar, mas a trabalho - no caso, na terça-feira da semana passada, a fim de participar da coletiva de imprensa a respeito da nova peça. Com certa dificuldade para ouvir as perguntas dos jornalistas, pede, sem inibição: "Fala um pouquinho mais alto que sou meio surdo". É Paulo Autran, o mítico ator que exibe cerca de 90 espetáculos em seu currículo. Fortalecido quando o assunto é teatro, ele parece incorporar um jovem de vinte e poucos anos no exato momento em que ocupa lugar de destaque no palco e começa a falar.

Entre um cigarro e outro - "depois que passei a fumar, há 62 anos, a vida ficou mais fácil" -, o ator foi um dos que mais falou durante a entrevista que contou ainda com as presenças do jornalista Dib Carneiro Neto, autor do texto, o ator e produtor Claudio Fontana e o diretor Elias Andreato.

Adivinhe Quem Vem para Rezar trata da delicada relação entre pai e filho por meio de uma comédia dramática intensa e cheia de sensibilidade. No palco, Autran dá vida a um trio de personagens, sem no entanto mudar o figurino ou qualquer detalhe externo. "São três tipos completamente diferentes. Para representá-los eu não mudo maquiagem, não mudo a roupa, não mudo nada. E são três personagens distintos. Sobre um não sabe direito qual é a ligação dele com o rapaz. O outro é o pai oficial do rapaz. E o terceiro é um padre que entrou no final da peça. E eu tento fazê-los sem nenhum recurso exterior, trabalhando por dentro os personagens diferentes", explica.

O foco principal do espetáculo fica por conta do universo masculino. Por isso, dois homens tentam acertar as contas e falar do passado numa conversa adiada durante anos. "Às vezes a gente não conversa com o pai, ou não conversa com a mãe e leva dúvidas para a adolescência e para a maturidade. Depois não tem coragem de conversar. Não só em relações familiares, mas também nas relações marido e mulher. Acho que essa peça me ensina isso. Não deixe para quinta-feira uma conversa importante. Converse hoje. Acho que isso vai fazer as pessoas tão melhores", afirma Fontana, intérprete do homem de 40 anos que contracena com os personagens de Autran e que também acumula a função de produtor do espetáculo.

Empolgado com o primeiro trabalho ao lado de um dos mais importantes nomes do teatro brasileiro, o jovem e atuante Fontana brinca quando lhe perguntam se já atuou ao lado de Paulo Autran. "Já trabalhamos umas cinco ou seis vezes, não é Paulo?" - ri bastante e volta a falar sério. "Não, é brincadeira. Essa é a primeira vez que eu trabalho com o Paulo e para mim é uma honra. Quando o Dib me falou que ele tinha gostado do texto, eu fiquei maravilhado", derrete-se Fontana.

Generosidade - Mais feliz do que Fontana, só mesmo o autor de Adivinhe Quem Vem para Rezar, Dib Carneiro. "Sempre ouvi falar da generosidade de Paulo Autran, mas quando senti isso na pele foi de uma proporção muito maior. Imagina você mandar seu primeiro texto para ele, não passar uma semana e ele pegar o telefone e já te ligar. É uma coisa de sonho", diz o jornalista. "Eu olho a ficha técnica da peça, a iluminadora, figurinistas, e falo: 'Meu Deus do Céu! É muito mais do que eu imaginava quando estava lá no escritório improvisado na minha casa para tentar fazer uma peça de teatro'".

Adivinhe Quem Vem para Rezar - Teatro. Estréia nesta quarta-feira no Teatro Procópio Ferreira - r. Augusta, 2.823, São Paulo. Tel.: 3038-4475. De quinta e sexta-feira, às 21h30; sábado, às 21h; domingo, às 19h. Ingr.: R$ 60 (quinta e sexta); R$ 80 (sábado) e R$ 70 (domingo). Até 18 de dezembro.




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