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20 mil fazem fila pelo 1º emprego
William Glauber
Do Diário do Grande ABC
20/02/2006 | 08:02
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Em busca de oportunidade de inserção no mercado de trabalho, mais de 20 mil jovens compareceram domingo à Cooperativa Volkswagen, no centro de São Bernardo, a fim de garantir uma ficha de inscrição para a terceira edição do programa Primeiro Emprego, do governo federal, no Grande ABC. A estimativa é da GCM (Guarda Civil Municipal), confirmada pela organização do evento, que esperava até 5 mil jovens. Dos 20 mil inscritos, o programa selecionará 2 mil.

Houve tumulto na abertura dos portões, antecipada das 9h para as 8h. Segundo informações da GCM, alguns jovens desmaiaram e tiveram de ser conduzidos ao Pronto-Socorro Central em veículos da guarda municipal, da Polícia Militar e por uma ambulância da Prefeitura. O PS confirmou a entrada de dois jovens com “crise nervosa”, que receberam alta pela manhã.

Os primeiros interessados chegaram ao local na noite de sábado. As fichas seriam preenchidas e entregues no domingo, mas, por conta do excesso de candidatos, a organização do Primeiro Emprego mudou a estratégia, entregando apenas as fichas de inscrição e estendendo o prazo de recebimento até sexta-feira no mesmo local. Interessados que não compareceram domingo ainda podem retirar e preencher uma ficha durante esta semana na Cooperativa Volkswagen, informou a assessoria regional do programa Primeiro Emprego.

Após a entrega das fichas, a CTR (Central de Trabalho e Renda), da CUT (Central Única dos Trabalhadores), fará a seleção. Na região, somente 2 mil serão selecionados e passarão por seis meses de qualificação profissional em 30 entidades a serem escolhidas em audiência pública para oferecerem cursos em área de serviço, comércio ou indústria.

Do total de qualificados, 30% no mínimo devem conseguir um emprego. Nas edições passadas, o índice chegou a 50% de 3 mil atendidos. Mas, para estar entre os contemplados, os jovens devem ter entre 16 e 24 anos, possuir renda per capita familiar de até meio salário mínimo, estar matriculado no ensino fundamental ou médio e não ter registro em carteira de trabalho. Os selecionados também recebem auxílio-financeiro de R$ 150 e ainda exercem 25 horas de trabalho voluntário.

Ministro – O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, chegou ao local para fazer o lançamento oficial da edição regional do Primeiro Emprego cerca de uma hora e meia depois do incidente. Além de Marinho, o evento teve a presença de lideranças regionais do PT (Partido dos Trabalhadores).

Em relação ao tumulto, Marinho disse que parte dos candidatos chegou com muita antecedência ao local de inscrição porque, segundo ele, acreditavam que assim teriam “melhor condição” para conquistar a vaga.

“É um processo de cadastramento para, a partir daí, observar as pessoas com maior necessidade”, explicou. “Quando se tem multidão, acabam ocorrendo situações em que as pessoas desmaiam e precisam de atendimento, mas tudo foi normalizado”, justificou-se.

O ministro explicou também que as vagas devem atender à necessidade do mercado. “Não adianta formar mão-de-obra além da quantidade demandada pelo mercado de trabalho, sem depois inseri-los”, disse. Ele acrescentou que a quantidade de jovens que compareceu demonstra a necessidade de outras esferas de governo (estaduais e municipais) oferecerem programas semelhantes.

Gravidade – Teodoro Brasílio de Lima, diretor-executivo do Cooperativa Volkswagen, entidade responsável pelo programa na região, destaca que, embora tenha ocorrido empurra-empurra, não houve registro de acidentes graves. “Algumas pessoas desmaiaram durante a abertura, até porque muitos jovens estavam aguardando desde a noite anterior”, disse. Apenas cartazes e carro de som foram usados para a divulgação das inscrições. As duas primeiras edições do programa Primeiro Emprego no Grande ABC foram organizadas pela Agência de Desenvolvimento Econômico da região. Agora, a Cooperativa Volkswagen terá a missão de gerir todo o programa federal. O ministério escolheu a entidade sob o argumento de que é necessário “um rodízio”.

Perspectiva – A estudante Jéssica Caroline de Oliveira, de 18 anos, de São Bernardo chegou à Cooperativa Volkswagen por volta das 11h e não acompanhou o tumulto. “Cheguei aqui, peguei a ficha e já estou fazendo a inscrição”, contou calmamente a jovem. Ela disse que a participação no programa será uma chance de entrar no mercado de trabalho. “Está muito difícil conseguir um emprego. Nem sei ainda em que área vou procurar.”



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