Nasceu nesta quarta, às 10h, com 1,980 kg, bebê que passou por cirurgia fetal no modo céu aberto (fora da barriga da mãe) no HMU (Hospital Municipal Universitário), em São Bernardo, em julho deste ano. O procedimento, primeiro deste tipo no Brasil, realizado para retirar um tumor pulmonar (toracotomia fetal), foi realizado por médicos da Faculdade de Medicina do ABC quando o bebê tinha 26 semanas. O bebê nasceu com 35 semanas, ou oito meses. Além do Brasil, essa cirurgia só tinha sido realizada outras 13 vezes nos Estados Unidos, sendo que oito bebês sobreviveram e os outros cinco morreram durante o procedimento.

O médico pediatra José Kleber Machado, chefe do Departamento de Pediatria do HMU, explicou que o bebê precisou ser entubado assim que nasceu e no fim da tarde desta quarta permanecia na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Isso porque um pedaço do seu pulmão direito foi retirado durante a cirurgia juntamente com o tumor. "Parte do pulmão já se regenerou, mas parte ainda terá de se regenerar. Por isso, a criança necessita de ventilação mecânica."

Segundo Machado, o bebê ainda corre o risco de não sobreviver. "Tudo depende das primeiras 72 horas, de como o organismo do bebê irá reagir", afirmou. Além de ser entubado, o bebê também desenvolveu um outro problema, esperado pelos médicos: a hipertensão pulmonar. "É um quadro grave, mas é uma situação que temos como vencer."

A mãe, Fábia do Carmo Santana, 28 anos, que passou por uma cirurgia cesárea, passava bem na tarde desta quarta. Sthefany Vitória é sua primeira filha. Desde a cirurgia, sua gestação vinha sendo acompanhada de perto. Ela ficou na Casa da Gestante de Alto Risco, serviço mantido pelo HMU para mães que correm risco de perder seus filhos.

O procedimento foi realizado porque era a única oportunidade de o bebê nascer e ter uma vida normal. O tumor, provocado por uma malformação pulmonar, se desenvolveu rapidamente e pressionava o outro pulmão, além do coração. O tumor retirado media 6 centímetros, enquanto que o bebê tinha entre 30 e 31 centímetros no dia da cirurgia.

O tumor foi identificado por uma ultra-sonografia durante o pré-natal realizado na UBS (Unidade Básica de Saúde) do bairro Jordanópolis, um mês e meio antes da cirurgia.

Durante o procedimento, o útero foi deslocado de dentro da barriga da mãe, ficando sobre o abdome, para que fosse feita a incisão. Em seguida, todo o líquido amniótico foi retirado e mantido aquecido em seringas a uma temperatura de 37 graus.

O pulmão do bebê foi aberto para que o tumor fosse retirado. Tanto a mãe quanto o bebê ficaram anestesiados. Após a retirada do tumor, o líquido amniótico foi devolvido juntamente com antibióticos que evitam infecções, e o útero foi novamente fechado.