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Praia Acessível leva deficientes ao Litoral

Grupo de 60 alunos do Nanasa, de Santo André, passa o dia em Bertioga, na Baixada Santista

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
07/12/2014 | 07:03
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André Henriques/DGABC


“O sol nasce para todos”, diz o ditado popular. Na semana em que foi celebrado o Dia da Pessoa com Deficiência, 60 alunos do Nanasa (Núcleo de Natação Adaptada de Santo André), da Secretaria de Esporte e Lazer, foram aproveitar toda a sua luz em um passeio na praia Cantão do Indaiá, em Bertioga, litoral paulista. A iniciativa, realizada na segunda-feira, integrou o Programa Praia Acessível e fez parte da Virada Inclusiva, que aconteceu em todo o Estado.

O grupo, acompanhantes e uma equipe de oito integrantes do Nanasa chegaram à Baixada Santista em três ônibus cedidos pela Secretaria de Educação andreense. Lá, o calor e o mar calmo formavam o clima ideal para os participantes usufruírem da ação da melhor forma possível. A prefeitura de Bertioga ofereceu todo o suporte necessário para a realização do evento. Essa foi a terceira vez que o núcleo levou turma ao município.

Entre as atividades oferecidas estava o ecocaiaque, desenvolvido para estimular o senso de equilíbrio e acuidade de sistemas sensoriais, além do stand up paddle que consiste na remada em pé em cima da prancha de surfe, já praticado antes na piscina do Nanasa.

Miguel, 4 anos, que tem paralisia cerebral e baixa visão, foi à praia pela primeira vez. A mãe dele, Rosimeire Terto da Silva, 42, moradora do bairro Cidade São Jorge, relatou, emocionada, como foi o contato. “Ele ficou numa alegria imensa. Achei que iria estranhar a água fria, mas não quis sair do mar. É maravilhoso ver a felicidade dele”, diz ela, ressaltando a qualidade de vida que a natação proporcionou ao filho em um ano. “Ele não conseguia sustentar a cabeça, era totalmente mole, parecia um boneco de pano. Com três semanas notei evolução. Ele fazia outras terapias, mas os ganhos eram lentos.”

O assistente pedagógico da Secretaria de Esportes de Santo André Ivan Teixeira Cardoso, responsável pelo desenvolvimento do projeto O Esporte ao Alcance de Todos, do Nanasa, destacou que o Programa Praia Acessível propicia aos participantes – com limitações ou não – nova maneira de encarar as deficiências. “Essa possibilidade do convívio com a sociedade acarreta tanto na melhora da autoestima do deficiente quanto na do familiar, que percebe que seu ente é capaz de se relacionar com os demais. E a população quebra algumas barreiras, pois vê que isso não é um bicho de sete cabeças.”

Cardoso ressaltou que o prazer e o medo que envolvem o principal componente da natação – a água – são grandes incentivadores para o ganho de segurança e independência. “Quando você joga com essas emoções, prazer e medo, e o aluno consegue dominar o nado, ele passa a ser uma pessoa com coragem para enfrentar a vida”, avaliou.

A filha de dona Sivatani Batista de Souza, 48, Silvia, 10, do Jardim Alzira Franco, é prova disso. A menina, que nasceu com má formação na coluna e, por isso, não anda, não queria saber de ficar no raso. “Quero ir para o fundo”, pediu à mãe. “Ela gosta do perigo, não é, Silvia?”, indagou Sivatiani. A reposta foi um aceno de cabeça positivo e um sorriso travesso, que substituiu a palavra que definia o que ela sentia naquele instante: felicidade.


Instituição planeja retomar atendimento em toda a região

Sem conseguir aprovação de projeto para angariar recursos do governo do Estado, via Lei de Incentivo ao Esporte, o Nanasa (Núcleo de Apoio à Natação Adaptada de Santo André), que é mantido pela Acide (Associação pela Cidadania das Pessoas com Deficiência), conta, desde maio, com o apoio da Prefeitura de Santo André (R$ 50 mil mensais) para manter as atividades.

A entidade, que beneficiava 240 alunos de toda a região, teve que limitar o atendimento somente para andreenses, passando para 120 assistidos. O assistente pedagógico da Secretaria de Esportes de Santo André Ivan Teixeira Cardoso ressalta que a única forma de retomar a ampliação do serviço seria com interferência do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. “Tentamos (viabilizar), levamos material para análise, mas, no fim de tudo, não concretizou”, lamentou.

“A partir do momento em que o poder público enxergar a Acide como um parceiro de verdade, todos crescerão”, falou Sergio Seiti Okayama, integrante da associação.

O Consórcio disse que solicitou à Acide, em junho, a formalização de proposta técnica para eventual regionalização do projeto Nanasa, visando avaliação dos grupos de trabalho pertinentes, mas que “a referida proposta não foi encaminhada até o momento”.  




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