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A beleza na 3ª idade vira calendário
Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
01/01/2006 | 09:29
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São Bernardo também tem as suas Garotas do Calendário. Lançada em dezembro, a folhinha estampa fotos sensuais de mulheres que freqüentam a Fati (Faculdade Aberta da Terceira Idade). Modelos com idade entre 47 e 63 anos driblaram a vergonha para mostrar a beleza da maturidade. A renda obtida com a venda do calendário será revertida ao Hospital do Câncer de São Bernardo e à Avis (Associação de Voluntários de Integração Social).

Mais do que beneficiar o trabalho voluntário e os doentes de câncer, a idéia transformou a realidade dessas modelos de meia-idade de São Bernardo. As mulheres da Fati se inspiraram na história real de um grupo de britânicas, que posaram nuas para quebrar a rotina entediante das reuniões semanais e deixaram a comunidade de Rylstone de cabelos em pé – e olhos bem abertos. As fotos viraram folhinha na Inglaterra e tema do filme Garotas do Calendário, mostrando que há muito mais por trás das pacatas donas-de-casa. Um pouco mais comportadas – mas não menos graciosas – , as modelos da região resolveram investir na auto-estima como lição de casa.

O calendário 2006 da Fati começou como uma tarefa de sala de aula. Todos os anos, em outubro, os alunos se mobilizam para organizar um festival de talentos. Cada grupo exibe o que sabe fazer de melhor. Tem gente que dança, pinta, borda, canta, escreve poesia. Uma turma de 17 jovens senhoras decidiu produzir um painel de fotos. A maior incentivadora da idéia foi a professora Ana Maria Tomazoni, que ensina gastronomia, nutrição e etiqueta na faculdade.  "Elas mesmas se produziram. Trouxeram roupas, plumas, adereços, se maquiaram. Tiveram um dia de princesa. Muitas ali há muito tempo não se sentiam bonitas", conta.

Depois de tiradas as fotos e pronto o painel, as modelos e a professora começaram a sonhar com o calendário. Passaram a correr em busca de patrocínio. "Ouvi mil nãos e dois sins. Não queríamos desperdiçar a oportunidade. Mas todas nós sabíamos que, mesmo se o calendário não saísse, já teria valido muito a pena. Essas mulheres se sentiram no auge. Hoje, se sentem mais valorizadas e têm mais respeito da família. Os maridos ficaram bobos de ver."

Uma das mulheres do calendário, Gracinda Benaglia, 57 anos, diz que "amou" a experiência. Modelo de primeira viagem, a avó e estrela do mês de janeiro conta que as fotos surtiram como uma injeção de auto-estima. "Foi uma redescoberta para todas nós", define.

Ao todo, foram reproduzidas 500 unidades do calendário. A professora Ana Maria Tomazoni diz que o trabalho é exemplo de como é possível ver a vida de um jeito diferente. Os interessados em adquirir um exemplar devem entrar em contato pelos telefones 4123-2189 (Tomazoni Culinária), 4125-0111 (Automatika) ou 4332-9112 (CRI – Centro de Referência do Idoso).




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