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Imagem de candidato
Juliana de Sordi Gattone
Flávia Braz
Especial para o Diário
30/07/2006 | 04:11
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O homem simples, nordestino, galgou espaço e sucesso na cidade grande sem, no entanto, perder os costumes do povo. O homem de classe média, médico e solidário às necessidades do povo, abre mão do conforto para cuidar dos necessitados. A mulher forte, questionadora, valente e destemida surge como a heroína das minorias. Esses são, a grosso modo, os estereótipos incorporados pelos três principais candidatos à Presidência da República, respectivamente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Heloísa Helena (Psol). Embora a mensagem não seja transmitida de maneira direta, os vários itens que compõem uma campanha foram elaborados para reforçar a imagem.

Segundo Carlos Manhaneli – que a partir de 2007 estará na Universidade de Salamanca (Espanha) para coordenar o curso de Comunicação Política – o IAPC (International Association of Political Consultants), entidade responsável pelos estudos eleitorais e do qual é membro, determina quatro imagens básicas adotadas pelos candidatos do mundo inteiro: pai, herói, líder-chave e homem simples. “Claramente, três dessas personificações serão utilizadas nesta campanha”, afirma.

Ele cita os elementos que levam a essa conclusão. No caso de Lula, Manhanelli ressalta as fotos onde o presidente aparece amassado, suado e sorrindo no meio do povo. “Querem transmitir que Lula é caboclo, homem simples, que veio das massas e venceu, mas continua um sujeito do povo.” Outro indicativo, segundo o especialista, é o jingle, em ritmo de baião, que tenta enfatizar a idéia de um presidente que veio do povo.

No caso de Alckmin, segundo ele, o estereótipo de pai é perfeito. “Ele é certinho.” Para justificar a opinião, ele cita a tentativa do PSDB emplacar o nome Geraldão no Nordeste. “Não tem como. Aquela figura esquálida, milimetricamente arrumada não transmite a figura do Geraldão. No máximo Geraldo.” Na visão de Manhanelli, o ideal seria usar Dr.Geraldo. As fotos onde aparece reunido com personalidades e sempre sério é outro indício da imagem paternalista, rígida. O jingle, segundo o especialista, reforça a idéia do pai, da família e da tradição. “É uma marchinha, muito parecida com as campanhas da década de 50.”

Por último, Heloísa Helena (Psol) aparece como a heroína, a política capaz de mudar o sistema atual, corrompido pelo sistema de caixa 2 e negociatas. “Ela utiliza a mesma linguagem de Fernando Collor de Melo, em 1989. Ele também questionava e criticava tudo. Chegou ao extremo de dizer que tinha saco roxo e que era o caçador de marajás.” Para Manhanelli, Heloísa acerta ao não alterar a imagem cultivada há anos. “Ela tem de permanecer de calça jeans, camisa branca e rabo de cavalo. O eleitor quer a verdade na imagem, no discurso e na postura.” Ele comparou a candidata à ex-prefeita da Capital Marta Suplicy (PT) que, desde a campanha de 2000, visitou bairros carentes da periferia de tailleur francês, jóias e salto alto. “Essa era a verdade dela e o povo gostava da sinceridade.”



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