Política Titulo Polícia Federal
Obras feitas pela Recap custaram R$ 4,35 mi

Lista apreendida na Operação Lava Jato indica
que doleiro Youssef atuou na construção de dutos

Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC
17/01/2015 | 07:00
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André Henriques/DGABC


As obras que o doleiro Alberto Youssef teria intermediado na Recap (Refinaria Capuava), em Mauá, podem ter custado R$ 4,35 milhões. Planilha apreendida pela Operação Lava Jato, da PF (Polícia Federal), na casa do doleiro indica que as intervenções seriam para inserção de dutos e tubulações para abastecer a refinaria da Petrobras e favoreceram a carta de serviços de duas empresas, a Qualiman Montagens Industriais Ltda e a Potencial Engenharia.

O investimento maior seria para implantação de tubulação da Recap, que seria executada pela Qualiman pelo valor de R$ 3,65 milhões. A planilha, a qual o Diário teve acesso, mostra que o contato de Youssef seria o “engenheiro Assemir Santos” e faz referência ao convite para participação de concorrência de número 1070506.11.8. A lista informa que a proposta foi enviada à refinaria no dia 4 de abril de 2012. A companhia está sediada em São Paulo e tem capital financeiro de R$ 30 milhões, conforme dados da Junta Comercial.

A segunda tentativa de influenciar contratação na Recap por Youssef seria para produção de plano diretor de dutos no Estado de São Paulo. A Potencial Engenharia aparece na planilha do doleiro com referência de contato no nome de Carolina Yumi Cubo e seria a vencedora do contrato da ordem de R$ 705.762. A proposta da empresa foi encaminhada à refinaria no dia 9 de março de 2012.

Além de constar nas investigações da Operação Lava Jato, a suspeita de influência do doleiro na Recap se tornou alvo do Ministério Público paulista. A ação partiu do promotor Silvio Antonio Marques, que encaminhou oficio à Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social com dados citados acima e de outras empresas públicas do Estado. Os promotores Valter Foleto Santin, Otávio Ferreira Garcia e Augusto Eduardo de Souza Rossini ainda realizam avaliação antes de instaurar inquérito sobre o caso.

Essas duas obras figuram ao lado de mais 745 na lista apreendida pela PF junto com Youssef em março. As negociações do doleiro, que assinou acordo de delação premiada, teriam ocorrido entre 2009 e 2012. A investigação indica que Youssef usava empresas de fachada para barganhar convênios entre construtoras e companhias públicas e privadas. Em troca, ele confessou que ganhava entre 3% e 15% de comissão.

A Operação Lava Jato apura o uso da Petrobras para desvio e lavagem de dinheiro e atualmente está na sétima fase de atuação.

A reportagem do Diário procurou a Qualiman e a Recap, que não responderam aos questionamentos sobre o caso até o fechamento desta edição. Representantes da Potencial Engenharia não foram localizados para comentar a situação.  




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