Setecidades Titulo Meio Ambiente
Qualidade da água da Billings é
considerada boa, mas está em queda

Agência Nacional de Águas aponta tendência de redução
por causa de bombeamento do Rio Pinheiros, na Capital

Por Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
20/06/2012 | 07:00
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O índice de qualidade da água da Represa Billings ainda é considerado bom, mas apresenta tendência de queda. Isso porque o reservatório ainda recebe bombeamento do Rio Pinheiros, em caso de enchente na Capital. O dado consta do Panorama da Qualidade das Águas 2012, da ANA (Agência Nacional de Águas), do governo federal, e é referente a 2010.

Conforme o relatório, em 2001 o IQA (Índice de Qualidade da Água) da Billings era de 66. Em 2010, passou para 56, queda de 15% em nove anos.

Além disso, a agência destaca que há no reservatório flotações de fitoplânctons causadas pela carga de fósforo oriunda de esgoto da região metropolitana de São Paulo, o que causa impactos negativos para os usos de abastecimento doméstico, recreação e preservação das comunidades aquáticas.

O estudo da ANA diverge de levantamento divulgado em março pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). O Relatório de Qualidade das Águas Superficiais aponta melhoria de 15% nos índices gerais de qualidade da água entre 2006 e o ano passado, graças, principalmente, à ampliação do tratamento de esgoto.

À época, ambientalistas destacaram que cerca de 20% do esgoto in natura produzido na região têm como destino o reservatório.

Conforme o presidente do MDV (Movimento em Defesa da Vida) do Grande ABC e advogado ambiental, Virgílio Alcides de Farias, o bombeamento das águas poluídas do Rio Pinheiros para o reservatório contribui para piorar a qualidade da água que abastece cerca de 1,8 milhão de pessoas. Desde 2010, Farias luta na Justiça para barrar a reversão.

Segundo o ambientalista, a constituição estadual, de 1989, dava prazo de três anos para que Estado e prefeituras adotassem medidas eficazes para não mais bombear esgoto para a represa. "O prazo venceu em 1992 e a única decisão foi que o bombeamento continuaria acontecendo, mas apenas em casos especiais e, principalmente, quando houvesse enchente em São Paulo."

Não satisfeito, porém, Farias entrou com ação popular em 2010 não apenas para impedir a reversão, mas também para que os responsáveis recuperem os prejuízos causados até hoje para o manancial. "Como a ação é contra ‘peixes grandes', acredito que os recursos irão parar no Supremo Tribunal Federal. Mas o importante é que os responsáveis sejam punidos e a represa, recuperada."

O relatório da ANA destaca como ações a favor da qualidade da água do reservatório o Programa Mananciais e o Pró-Billings, sendo que esse último ainda não saiu do papel: está em fase de finalização do projeto executivo.

Grande São Paulo tem 11 pontos péssimos

O Panorama da Qualidade das Águas 2012 aponta índice preocupante na Grande São Paulo. Dos 13 pontos considerados péssimos na Região Hidrográfica do Paraná, que inclui os Estados de São Paulo e Paraná, 11 estão nessa região, que inclui o Grande ABC.

Conforme o relatório da ANA (Agência Nacional de Águas), o território sofre com pressões significativas sobre a qualidade das águas devido aos lançamentos de cargas de esgoto doméstico e efluentes industriais. A ocupação habitacional sem planejamento e o número elevado de indústrias pioram o índice da água.

Dos 1.988 pontos monitorados no Brasil, 890 estão na Região Hidrográfica do Paraná, sendo 322 em São Paulo e 294 no Paraná. Conforme o levantamento, o índice de qualidade bom ocorreu em 443 dos 678 pontos monitorados (65% do total). Em 27 pontos a condição é considerada ótima e em 122 pontos, regular. A qualidade da água é ruim em 73 pontos, ou 11% deles, muitos localizados na bacia do Alto Tietê, que inclui a Região Metropolitana.

BRASIL

Em todo o País, 75% dos pontos monitorados em 2010, em áreas urbanas e rurais, têm condição boa, 6%, excelente, 11% regular e 7% ruim ou péssima.

Já a análise dos corpos de água localizados em áreas urbanas indica que 47% dos 135 pontos monitorados apresentam condição péssima ou ruim, reflexo da alta taxa de urbanização nessas regiões e dos baixos níveis de coleta e tratamento de esgoto doméstico.

O relatório destaca ainda que entre 2001 e 2010 o governo federal destinou recursos de R$ 52 bilhões para programas de saneamento e despoluição das águas, sendo 76% provenientes do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).




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