Setecidades Titulo Caso Castellani
Vizinhos de casa de fogos ainda calculam prejuízos

Moradores afetados pelo desastre de 2009 não receberam indenização

Por Cadu Proieti
Do Diário do Grande ABC
17/06/2012 | 07:00
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O dia 24 de setembro de 2009 não saiu da memória dos moradores da Rua Américo Guazelli, na Vila Pires, em Santo André. Os vizinhos da loja de fogos de artifício que explodiu, no número 222, ainda guardam na mente os momentos da fatídica data. Além das lembranças, as pessoas atingidas diretamente pelo desastre também tiveram de passar os últimos dois anos e nove meses procurando meios de reaver os bens perdidos.

"Estou tentando me recuperar sem a ajuda de ninguém, fazendo tudo com o meu próprio dinheiro. O prejuízo foi grande. Escuto o barulho dos rojões até hoje", relatou o mecânico Wagner Montanari, 51 anos, que morava ao lado do estabelecimento que foi pelos ares. A oficina dele também ficava localizada no mesmo terreno.

Atualmente, o antigo vizinho de Sandro Luiz Castellani, proprietário da loja, tem de gastar cerca de R$ 2.000 mensais com aluguel. Montanari paga R$ 1.200 para utilizar galpão na Avenida Firestone, onde continua oferecendo seus serviços de conserto de carros. Além desse valor, Montanari arca com R$ 800 por mês por uma casa, onde mora como inquilino.

O imóvel do mecânico, que foi destruído pela explosão, começou a ser reerguido em abril deste ano. Só foi possível iniciar as obras depois de fazer um financiamento bancário para a construção, que vai custar cerca de R$ 200 mil. "Esperei ajuda de todos os lados. Como não consegui, tive que correr atrás sozinho, erguendo tijolo por tijolo", afirmou. Montanari entrou com processo na Justiça e espera ser indenizado.

A casa da aposentada Idione Serveline, 69, também foi totalmente destruída. A única opção que ela encontrou para recuperar a moradia foi fazer acordo com uma construtora. A empresa reergueu o imóvel. O trabalho custou aproximadamente R$ 100 mil. No entanto, a empreiteira ficou com metade do terreno. "Se não fizesse isso, estava pagando aluguel até hoje. Quem ia dar outra casa para mim?", questionou a moradora.

Assim como Montanari, Idione entrou com ação judicial para tentar reaver o prejuízo financeiro. "Se recebesse a metade do que foi gasto para reconstruir a casa ficaria feliz, porque perdi tudo. O fogão e a geladeira foram doados. Os armários comprei à prestação. Se me pagassem, daria para renovar os móveis", disse a aposentada.

Mecânico foi salvo por carro em cima de elevador

"Nasci de novo", afirmou o mecânico Wagner Montanari, 51 anos, que trabalhava e morava ao lado da loja de fogos de artifício que explodiu em setembro de 2009, na Vila Pires, em Santo André. Duas pessoas morreram.

Ele só foi salvo porque estava embaixo do carro que consertava no momento do desastre. O veículo estava no alto de um elevador especial para manutenção. "Quando escutei o barulho, corri para debaixo dele para tentar me proteger. Todo o entulho caiu em cima do carro e não me atingiu. Depois de um tempo, ele (o automóvel) caiu lá de cima, mas foi para o outro lado, onde eu não estava."

O mecânico teve apenas queimadura leve no cotovelo direito, contusão no ombro direito e escoriações na face. Após ser socorrido, Montanari foi levado ao CHM (Centro Hospitalar Municipal) e ficou em observação. "Depois de todo o susto, perguntei no hospital sobre o Voyage (modelo do veículo) e me disseram que foi o que me salvou."

O mecânico ainda aguarda a definição sobre a sentença de Castellani. "Se ele não for penalizado será injusto, porque duas vidas foram tiradas", opinou.




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