Economia Titulo Combustíveis
Gás aumenta 22% e fica inviável para postos
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
23/12/2008 | 07:05
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A Comgás reajustou os preços do gás natural canalizado para indústrias, comércio, geração de energia e também para os postos de combustíveis. Os aumentos, que variam de acordo com o segmento e foram definidos pela Arsesp (Agência Reguladora dos Serviços de Energia e Saneamento do Estado de São Paulo), chegam a 22% no caso dos postos.

Segundo a Comgás, os reajustes, que entraram em vigor no sábado (dia 20), devem-se às elevações de custos do gás ocorridas desde maio. A empresa informou que o insumo boliviano é cotado em dólar e subiu 25% e o gás nacional também aumentou (17,23%) desde o último reajuste.

A Arsesp acrescentou que "os contratos firmados pelas concessionárias com a Petrobras têm seus preços compostos por uma cesta de óleos que possui uma defasagem de até seis meses ", e que a defasagem na estrutura de preços da estatal impõe "um ônus desnecessário à população", já que o preço atual do barril situa-se a US$ 40. Procurada pela reportagem, a Petrobras informou que a porta-voz está em viagem e indisponível para falar.

Inviável - O Diário já havia antecipado, há um mês, que a Comgás planejava elevar o GNV. O aumento de 22% no preço do gás causou indignação em proprietários de postos e consumidores. "Está ficando inviável ter um posto a gás", disse Eugênio Bianchi, sócio do Posto Gravatinha, de Santo André. No estabelecimento, o GNV subiu de R$ 1,399 para R$ 1,799.

"Meu custo de energia elétrica (para bombear o gás) é alto. Gasto R$ 16 mil por mês. Precisaria vender 140 mil m³ do gás mensalmente e vendo só 70 mil m³. Os clientes estão desacreditando", disse Bianchi.

Outro empresário do ramo, Paulo Oliva, que é dono do Centro Automotivo Aloha, no mesmo município, tem avaliação semelhante. "Nosso custo de manutenção é elevado, está começando a ficar complicado. Já virou um mico ter um posto a gás", disse.

Oliva afirmou que ainda não havia recebido ontem o insumo com o aumento, mas que quando receber o reajuste de 22%, também terá de elevar para R$ 1,79. Seu posto ainda cobrava R$ 1,49 o m³ do GVN.

Muitos consumidores se assustaram quando foram abastecer o carro ontem. "Não vai compensar, vai ser melhor andar com álcool", afirmou o taxista Aparecido Parmigiani. "Vou para Suzano todo dia. Preciso fazer a conta para ver se ainda vale a pena pôr GNV", disse o vendedor Oswaldo Cardoso.

Fiesp lamenta alta no momento em que o petróleo está em queda

Além de aumentos para os postos, a Comgás também repassou reajustes para a indústria e o comércio. No caso do setor industrial, a alta vai de 10,25% (consumo de 10 mil m³/mês) até 17,56% (de 500 mil m³/mês). Já para os estabelecimentos comerciais, as elevações foram um pouco mais amenas: de 6,29% (demanda de 100 m³/mês) para 7,76% (1.000 m³/mês).

Para a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o aumento é lamentável e vem em péssima hora. "Com a queda no preço do barril de petróleo de US$ 150 para menos de US$ 40, deveria haver boa vontade da Petrobras, criando condições que evitassem a necessidade de aumento neste momento tão inoportuno", disse o presidente da Fiesp, Paulo Skaf.

"O aumento é grande e vem quando o petróleo está baixando. Não sabemos o que vamos fazer", disse o empresário do setor plástico José Jaime Salgueiro, de Mauá. Sua empresa está em férias coletivas e ele vai deixar para pensar no problema no início de janeiro, quando voltar a operar.




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