Cerca de 40 funcionários da Fundação Casa foram às ruas para protestar contra a atual situação das unidades. Os agentes paralisaram, por volta do meio-dia, a Avenida Antônio Piranga, em Diadema, causando congestionamento. Depois seguiram em direção à Rodovia dos Imigrantes, no sentido Litoral. Uma viatura da Polícia Rodoviária e outra da Força Tática acompanharam o ato.

Desde sábado, todas as unidades da instituição no Estado estão paralisadas. Além de exigir melhores condições de trabalho, a categoria reivindica reajuste salarial de 42%. O presidente do Sitraemfa (Sindicato dos Trabalhadores em Entidades de Assistência e Educação à Criança, ao Adolescente e à Família do Estado de São Paulo), Aldo Damião Antonio, diz que falta interesse do governo estadual nas questões sociais. “Precisamos de investimentos na área e todos esses trabalhadores estão protestando por um direito que é deles.”

“Já vivi momentos de tensão dentro da Fundação”, revela um funcionário que não quis de identificar, enquanto mostrava marcas de queimaduras. “Quase perdi um olho em uma rebelião. Nosso psicológico é muito afetado.”

Segundo outra agente, as condições de higiene são precárias. “O cheiro é horrível. É inacreditável que deixem os jovens nessa situação.”

De acordo com o agente educacional Leandro Vieira, o verdadeiro objetivo da Fundação Casa, que é recuperar os jovens por meio da Educação, perde o sentido. “A falta de recursos e condições não dificulta só o trabalho dos funcionários. Os jovens sofrem e ficam violentos”, avalia.

A determinação do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) permite que apenas 30% dos agentes de cada unidade possam aderir à greve. O atendimento dos 147 adolescentes nos centros socioeducativos continua normal. A Fundação Casa ainda não deu sinais de negociação com os funcionários e reafirmou, em nota, que os sucessivos aumentos dados pela instituição nos últimos anos (2005 a 2015) perfazem 84,56% somados, sendo que a inflação no mesmo período oscilou em torno de 76,22%.