Política Titulo Santo André
‘Vinte e um vereadores são suficientes’
Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
07/01/2015 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Recém-empossado presidente da Câmara de Santo André para o biênio 2015-2016, Bispo Ronaldo de Castro (PRB) afirmou que não defende o aumento no número de vereadores, de 21 para 27 vagas, durante sua legislatura.

Em visita à sede do Diário, o parlamentar assegurou que o momento é desfavorável, lembrando que a Casa rejeitou a proposta em 2011. “Veio essa chance no passado de aumentar em mais seis cadeiras, mas não ocorreu, passou. Eu não vou encampar isso. Outro ponto é o que acontece na política de hoje, uma desmotivação grande. Vejo como mais que suficientes 21 vereadores”, justificou o republicano.

Como marca, Ronaldo prometeu revolucionar o trabalho na Casa, revelando que seu mandato vai ser mais ativo nas ruas da cidade, junto à população. “Vou proporcionar uma Câmara itinerante. O Legislativo ficará mais próximo da população, indo até o cidadão e as entidades da cidade. Eu creio que esse seja um trabalho diferenciado. Essa nova presidência vai a esses lugares para ouvir e vai se colocar à disposição para ajudar no quer for necessário”, considerou.

O novo chefe do Legislativo relatou os bastidores de sua vitória, ocorrida no mês passado, contra Elian Santana (Pros), por 12 votos a nove, admitindo que não tinha desejo de ser candidato. “Foi uma coisa que caiu no colo. Não tinha pretensão, mas é claro que se recebesse a chance não iria recusar. E eu recebi o convite”, argumentou.

Integrante da comissão que passou a vistoriar equipamentos de Saúde na cidade, o parlamentar revelou situação “desesperadora” nos PAs (Prontos Atendimentos) e destacou que uma das medidas seria a demissão do secretário da Pasta, Homero Nepomuceno Duarte. “Eu acho que tem de trocar o secretário. Não tenho nada contra, mas ele está omisso. Não sei se tem autonomia para agir”, determinou.

Confira entrevista completa

Qual será a principal mudança que o sr. pretende fazer à frente da Câmara?
Vou proporcionar uma Câmara itinerante. O Legislativo ficará mais próximo da população, indo até o cidadão e as entidades da cidade. Eu creio que este seja um trabalho diferenciado. Porque instituições sociais são fundamentais no município, cada um com seu valor e prestígio, e precisam ser ouvidas. Essa nova presidência vai a esses lugares para ouvir e se colocará à disposição para ajudar no quer for necessário.

Como partiu essa iniciativa de trabalho?
Eu já tinha esse pensamento. Mas tudo foi uma construção com os demais vereadores do G-12 (ala de vereadores independentes) e dialogando também com a população. Esse será o trabalho que precisa ser feito: a Câmara vai assumir a cidade, fiscalizando e tenho ciência dos problemas.

O sr. acredita em alguma dificuldade no trabalho na Casa por ter vencido o pleito em votação apertada e tensa?
O G-12 me escolheu. Eu nunca tinha participado com este bloco. É natural que, diante disso, divergências possam acontecer. São 21 parlamentares, cada um com uma cabeça, um pensamento. No entanto, tenho de focar no trabalho e vou ser o presidente de todos os vereadores. Democracia é assim. Estou tranquilo para o cotidiano da presidência. Eu costumo recorrer a uma frase: o derrotado sempre procura alguém para acusar, mas o vencedor não precisa dar explicações. Penso que tudo mais tenso que já ocorreu foi no calor da eleição.

Durante as semanas que antecederam a eleição, o sr. não era apontado nem como candidato. Como foi esse processo?
Foi uma coisa que caiu no colo. Não tinha pretensão. Mas é claro que, se recebesse a chance, não iria recusar. E eu recebi o convite do G-12. No outro bloco (governista), seria terceiro secretário, que é (função) inócua.

O sr. então não estava atrelado a nenhum dos grupos?
Isso. Conversava com os dois lados. E a proposta que surgiu, sem a presença do (prefeito, Carlos) Grana (do PT), foi a terceira secretaria, sem conversar. E já tinham me oferecido a primeira secretaria. Quer dizer, mudaram e sem avisar. Nem pergutaram. Faltou articulação. Não houve qualquer debate. Estava disposto a aceitar que outros poderiam ser presidentes. A situação se arrastou. Foi quando o G-12 me convidou e disse: ‘O cavalo está selado, quer montar?’ Eu disse que sim.

Como ficou o relacionamento do sr. com o Executivo após oficialização da vitória?
O Grana me ligou, parabenizando. É lógico que deve ter escutado um monte de questionamentos e opiniões. Não sei a maneira como ele recebeu a derrota. Mas eu escutei que ele não se julgou derrotado, porque a eleição de prefeito será daqui a dois anos. O que for em benefício da cidade nós vamos colaborar com o governo. Eu farei uma visita ao Grana para colocarmos o Legislativo à disposição. O G-12 tem essa responsabilidade e muito empenho.

Seu antecessor, o vereador Donizeti Pereira (PV), garantiu que trabalharia para a permanência de apenas 21 cadeiras no Legislativo. O sr., enquanto presidente, defende essa posição?
Veio essa chance no passado de aumentar mais seis cadeiras, mas não ocorreu, passou. Eu não vou encampar isso. Por mais que a legislação garanta o direito, por conta do nosso número de habitantes. Outro ponto é o que acontece na política de hoje, uma desmotivação grande. Na última eleição, por exemplo, registrou-se um grande número de abstenções. A população está desencantada. Era para servir e ajudar e não está acontecendo. Por isso encampar 27 vereadores é absurdo. Eu não encabeço isso.
Vinte e um vereadores é o número suficiente para atender às demandas do município?
Sim. Vejo 21 vereadores como suficientes.

Um de seus primeiros trabalhos será estar à frente da reforma da Câmara e construção de anexo. Essas obras visam adequar o prédio para aumento futuro de parlamentares?
Não. Inclusive o anexo será para adequar o setor administrativo, que sofre problemas estruturais. Serão reformas necessárias. Nos gabinetes, por exemplo, quero colocar TV para assistir à sessão. Teremos o painel eletrônico e outras realizações. Esperamos ter melhor convívio dentro da Casa. Eu, quando comecei a exercer meu mandato de vereador, achei o prédio bem deteriorado, em espaços no gabinete, internet e outros problemas.

Sobre o painel eletrônico, há estimativa de quando irá se gastar?
O Tribunal de Contas já fez avaliação e a gente se adequou. O valor não deve passar de R$ 400 mil.

E em relação ao custo todo da reforma, já se sabe o valor do montante a ser gasto?
É em torno de R$ 2,4 milhões, pois há serviços necessários. Como, por exemplo, uma pilastra que apresenta fissuras. O custo desta intervenção está em torno de R$ 900 mil. Esse total é só para a primeira parte. Depois eu mesmo vou precisar contratar para obras de modernização. Essa etapa inicial será mais estrutural. Vamos implementar ar-condicionado, o plenário será reformado, a introdução de novo pacote de velocidade para internet. Acho que isso será concluído em fevereiro.

O G-12 iniciou vistorias em equipamentos públicos, assim como fez em 2013. Esse trabalho terá continuidade?
Começamos a realizar essa ação no Natal e já visitamos três PAs (Prontos Atendimentos): Bangu, da Vila Luzita e Central. É um trabalho muito nobre dos médicos e enfermeiras. E o que vemos de estrutura é muito precário. Às vezes, o morador quer desabafar naquele servidor que está lhe atendendo, não enxergando o que está por trás, que é a má gestão. Não adianta eu falar que trata-se de um problema do País todo. Isso é desculpa? O imposto que se paga que precisa se investir.

O sr. considera que a Saúde de Santo André não está sendo bem gerida?
Acho que não está sendo bem administrada.

O sr. defende a saída do secretário, então?
Eu acho que tem de trocar o secretário (Homero Nepomuceno Duarte). Essa, inclusive, é uma fala que vem surgindo dentro do G-12. Não temos nada contra a pessoa. Mas para gestão da Saúde é necessário ir lá para resolver. A situação é desesperadora. Você vê, por exemplo, infestação de mosquito em algumas unidades. A médica relatou para nós que vai para casa toda picada. Outro exemplo é a poltrona destinada para as mães, próximo à pediatria, que está toda rasgada e em péssimas condições de uso. Quer dizer, são dois anos já. Poxa, são móveis, é necessário trocar, possibilitar uso para o profissional. Vimos no PA Central uma mulher aguardando por duas horas o médico para mostrar uma chapa de raio X. O marido, já nervoso, deixou ela lá, foi até São Bernardo e quando voltou não havia sido realizado atendimento.

De que maneira o G-12 vai trabalhar com toda a informação coletada, in loco, nas unidades de Saúde?
Nós estamos reunindo todas as informações. Em cada local fizemos relatório e depois faremos um apanhado de todos (os documentos) a fim de cobrar ações do Executivo. Não tenho nada contra o secretário, mas ele está omisso. Não sei se tem autonomia para agir. Vamos seguir fiscalizando. Tem unidade, do Parque Capuava, que já tem denúncia de enxurrada dentro dela. 




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