Economia Titulo Emprego
Microempresa gera duas de três vagas

Segundo pesquisa do Ipea, pequenos negócios abriram mais da metade dos empregos nas duas últimas décadas

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
05/02/2010 | 07:00
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As empresas de micro e pequeno porte foram responsáveis nas duas últimas décadas pela geração da maior parte dos postos de trabalho. Os empreendimentos privados com até dez funcionários abriram duas de cada três vagas no mercado de trabalho. Isso é o que aponta pesquisa realizada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), com base em dados do Ministério do Trabalho e Emprego de 1988 a 2008, que consideram empregados formais, autônomos e empregadores.

Para se ter uma ideia, de todas as ocupações registradas em 2008, 38,4 milhões foram geradas em negócios de até dez trabalhadores. O montante equivale a 54,4% de todos os postos de trabalho e a 57,2% do total da massa de rendimento.

Na avaliação de Pedro João Gonçalvez, consultor do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio ao Empreendedor e Pequeno Empresário), isso ocorre porque custa menos gerar uma ocupação dentro de estabelecimento de menor porte. "O volume de recursos necessários é bem menor. E toda cidade possui um conjunto de necessidades que pode ser atendido por uma microempresa, seja no setor alimentício, vestuário ou habitação, por exemplo", afirma.

Além disso, o consultor ressalta que, por ser um negócio pequeno, é muito mais fácil a sua abertura. Apesar de mais da metade dos postos de trabalho terem sido gerados em microempresas, apenas 29,4% do total das vagas estavam submetidas a algum grau de proteção pela legislação social e trabalhista.

Entre os ocupados por conta própria, 16,7% tinham alguma proteção social e trabalhista e entre os empregados assalariados, 40,8% registraram contrato de trabalho formal. Entre os empregadores, 55,8% mantinham proteção social e trabalhista.

No segmento de pequenos empreendimentos, as ocupações se dividiam em 18,7 milhões de trabalhadores por conta própria (48,7%), 16,5 milhões de empregados assalariados (43%) e 3,2 milhões de empregadores (8,3%).

Enquanto os empregados em pequenos negócios representavam 27,1% do total de trabalhadores assalariados do País, os empregadores respondiam por 78% do total de empresários e os postos de trabalho por conta própria eram todos constituídos por pequenos negócios.

Outro fator apontado por Gonçalves, do Sebrase-SP, é que nos últimos 20 anos o dinamismo da economia não foi tão expressivo. "O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu, em média, 2,6% ao ano. Portanto, não houve muitas oportunidades para empreendimentos de maior porte", pontua.

No Grande ABC, embora não se tenha registro do número de empregados nos micro negócios, sabe-se que 98% das empresas têm pequeno porte. São quase 81 mil estabelecimentos, segundo dados do Sebrae-SP, sendo que 38,3 mil estão no comércio, 32,1 mil em serviços e 10,4 mil na indústria.

No País, a maior concentração ocupacional está no comércio e em serviços, seguidos por educação, saúde, indústria, construção civil e transporte.

De acordo com o levantamento do Ipea, se o Brasil mantiver a média anual de expansão da ocupação em pequenos estabelecimentos privados das duas últimas décadas (4,2%), haverá, até 2020, 19,3 milhões de novos postos de trabalho no setor.




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