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Região esclarece um
a cada três assassinatos

Dados mostram que 29,3% dos 290 casos foram resolvidos;
número conflita com relativa estabilidade mostrada pela SSP

Por Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
03/02/2013 | 07:00
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Dados oficiais do Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo), responsável pela Polícia Civil na região, mostram que em cada três ocorrências de assassinato, registradas no Grande ABC - somados homicídio doloso e latrocínio - uma foi esclarecida.

O número conflita com a relativa estabilidade mostrada pelas estatísticas criminais da SSP (Secretaria da Segurança Pública), que mostram 295 vítimas fatais dessas duas modalidades criminais nas sete cidades em 2012, nove a mais que no ano anterior.

A onda de violência de novembro, que ocasionou o aumento nos índices, resultou em troca no comando da SSP (Fernando Grella Vieira substituiu Antonio Ferreira Pinto) e, na sequência, a troca de dois delegados seccionais da região, em Santo André e São Bernardo. E os novos nomes assumem que chegam com a função de aumentar o número de casos solucionados (leia abaixo).

Segundo a tabela, a atuação policial da região foi mais incisiva em casos de latrocínio. Em Diadema, por exemplo, todas as quatro ocorrências de roubo seguido de morte das vítimas foram solucionadas e renderam prisão. Quando se trata de homicídios dolosos, no entanto, foram apenas nove esclarecimentos para 49 ocorrências no ano. Ou seja, em apenas 18,3% das mortes alguém foi responsabilizado e autuado.

A cidade foi uma das sete da região que mais apresentaram crescimento nos assassinatos: 28,89%. Fica com o nada honrado posto ao lado de Mauá, que teve aumento de 57, em 2011, para 71 vítimas fatais no último ano.

São os índices mauaenses que impulsionam as estatísticas da Seccional de Santo André, da qual faz parte junto de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.

O Demacro aponta 46 esclarecimentos em 137 ocorrências registradas nas quatro cidades no ano. Um aproveitamento de 33,5% na solução dos casos. Com a solução de quatro dos 11 latrocínios registrados na seccional, a Polícia Civil (responsável pelo maior território da região e a única que conta com plantão na delegacia especializada em homicídios) foi a que mais atuou.

Com pouco crescimento nos assassinatos em comparação com os últimos dois anos - de 94 para 98 -, a Seccional de São Bernardo teve 20 homicídios esclarecidos entre os 82 casos registrados, um índice de 24,3%.

Entre os latrocínios, as duas cidades (já que responde também por São Caetano), vieram só duas ocorrências resolvidas entre as sete registradas nas delegacias.



Seccionais prometem empenho em 2013

"Você inibe os homicídios apenas se começar a solucionar os casos. E nós queremos e vamos esclarecer o maior número possível."

A promessa do novo delegado seccional de Santo André, Ângelo Ísola, mostra que pelo menos nas quatro cidades pelas quais ele responde, o esclarecimento de homicídios dolosos e latrocínios será uma prioridade.

Para isso, Ísola pretende fazer mudanças. A Delegacia de Homicídios da sua seccional, a única que trabalha em esquema de plantão, vai contar com uma participação maior dos distritos da área em que os casos aconteceram.

"O trabalho tem que ser conjunto entre os distritos. Todos os policiais que estejam trabalhando no momento do homicídio têm de atuar na hora, pois alguns detalhes sempre se perdem até que a Homicídios (delegacia) chegue. Em casos extremos, até quem está de folga vai ter de trabalhar. Compensaremos isso depois, com folgas", apontou o novo seccional.

A atenção é necessária. Enquanto Santo André, mesmo com a onda de violência de novembro e seus 17 mortos naquele mês, baixou o número de vítimas fatais, a Seccional viu os casos aumentarem de 148 em 2011 para 165 no ano passado. Ísola vai cobrar um empenho maior em Mauá. "Tem que todo mundo trabalhar, trocar informações e usar o sistema de inteligência", completou.

Com a experiência de ter trabalhado seis anos no DHPP (Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa), na Capital, o novo seccional de São Bernardo, Waldomiro Bueno Filho, chega com a bagagem de quem solucionou todos os casos de homicídios considerados suspeitos na Polícia Civil da Baixada Santista, que comandava desde 2007, antes de vir para o Grande ABC, nos últimos três anos. Incluindo a prisão de alguns policiais militares acusados de execução.

Justamente por isso, promete implantar a sua metodologia de trabalho, que envolve concentração total na investigação. "Eu tenho esse hábito de pedir o menor assessoramento possível (durante a apuração dos homicídios). Com isso consigo até resolver os casos sozinho. Quero transmitir isso para a equipe", disse.

A revisão da Delegacia de Homicídios está nos planos. Assim como mudanças e reforços nas equipes não estão descartados.




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