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Tráfico nas rodovias preocupa polícia

Confira entrevista com o tenente-coronel Carlos Alberto dos Santos, comandante do 1º BPRv (Batalhão de Policiamento Rodoviário)

Por Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
30/06/2014 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


Recém-empossado comandante do 1º BPRv (Batalhão de Policiamento Rodoviário), o tenente-coronel Carlos Alberto dos Santos elenca o tráfico de drogas como a principal preocupação da PMR (Polícia Militar Rodoviária). Esse tipo de crime equivale à metade dos flagrantes feitos nas estradas. Os roubos e furtos a usuários também costumam ser frequentes.

Até o mês passado, Carlos Alberto ocupou o posto de comandante do 41º Batalhão, em Santo André. O tenente-coronel foi transferido para o policiamento rodoviário após convite do coronel Mauro Cezar dos Santos Ricciarelli, que comanda a PMR e, até maio, liderava a Polícia Militar no Grande ABC.

Ao todo, o Estado conta com cinco batalhões da Polícia Rodoviária. O 1º BPRv abrange quase 3.000 quilômetros de rodovias. Além do Sistema Anchieta-Imigrantes e do Trecho Sul e Trecho Leste do Rodoanel, que será inaugurado na quinta-feira, também são de responsabilidade do comando estradas como Ayrton Senna, Carvalho Pinto, Tamoios e Mogi-Bertioga. Para patrulhar todo esse trecho, o efetivo à disposição é de aproximadamente 1.000 policiais, divididos em cinco companhias.

Além da missão de combater o crime, o tenente-coronel salienta que a prevenção de acidentes é outra função importante a ser desenvolvida. “A imprudência continua sendo a principal causa das ocorrências”, lamenta. Ele cita infrações como ultrapassagens pela direita e excesso de velocidade como práticas capazes de aumentar o índice de mortes nas estradas.

Para coibir o consumo de álcool antes de dirigir, Carlos Alberto salienta que são feitas blitze diárias da Lei Seca em cinco pontos simultâneos, um sob responsabilidade de cada companhia. Os locais das abordagens variam a cada operação.


Quais são as dificuldades do policiamento rodoviário?
Nossa missão principal é reduzir indicadores criminais. Muita gente nem sabe disso, mas temos crimes acontecendo na rodovia, como roubos e tráfico de entorpecentes. Temos outra função, até por força de convênio com o DER (Departamento de Estradas de Rodagem), que é a fiscalização de trânsito. Então, nós temos operações desses dois tipos, tanto voltadas para o lado criminal, quanto operações de trânsito. No SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes) vemos muito claro isso. Existem pontos das rodovias que você vai pensar: ‘o que essa viatura está fazendo aqui?’ Às vezes, é para não deixar o crime acontecer. Além disso, temos também outra função, que é evitar acidentes. Sabemos que, em determinados trechos, como no km 18 (da Anchieta), temos alto índice de ocorrências, até com vítimas graves. Então, colocamos uma viatura ali para coibir que o usuário cometa infrações.

Onde esses crimes são mais frequentes?
No início da Imigrantes, temos alguns locais em que ocorrem roubos. O usuário da rodovia para no acostamento por alguma necessidade e acaba sendo assaltado. Na Imigrantes, há atenção especial nas divisas de São Bernardo com Diadema e São Paulo, além do acesso ao Rodoanel. Temos também a região das cotas, na serra (em Cubatão). No fim da Imigrantes, na região dos semáforos, há bastante assaltos.

E quais são as ocorrências mais comuns?
O tráfico de drogas está em primeiro plano. Diria hoje que é em torno de 50% das ocorrências. Principalmente em áreas mais carentes, o tráfico impera. Depois vem o roubo. Temos também os furtos. Às vezes, o motorista deixa o carro parado no acostamento e sai para comprar combustível e, quando volta, já levaram o veículo ou os pertences.

Há casos de contrabando?
Pode até ter, mas é muito difícil inibir esse crime na nossa região. Para combater esse tipo de delito, a gente tem de trabalhar muito com informação. Isso acontece bastante na região de Presidente Prudente, próximo à fronteira com o Paraguai.

O que é feito para inibir os delitos?
O combate ao crime é o mesmo da PM (Polícia Militar). Se a gente suspeitar de algum veículo, fazemos a abordagem. Trabalhamos também com denúncia, mesmo que seja anônima, feita pelo telefone 181. No início do mês, fizemos uma operação conjunta com a Polícia Federal. Um delegado federal do Mato Grosso nos passou uma ocorrência por telefone e nós conseguimos interceptar um caminhão com uma pessoa envolvida no crime de tráfico de entorpecentes, que estava levando droga para a Baixada Santista.

Quanto tempo dura a vistoria em um caminhão suspeito de carregar drogas?
Eles escondem de um jeito que dificulta muito a localização. Olhando para o caminhão a gente não vê nada. Temos de fazer revista muito minuciosa, senão a gente não pega. Um procedimento desse vai de uma a duas horas, dependendo do número de policiais. Geralmente, o motorista está envolvido. Ninguém leva uma carga com 200 kg ou meia tonelada de drogas sem saber. É lógico que, em uma primeira fase, ele diz que não, que não sabia, mas depois acaba confessando.

Como é feito o planejamento das ações a serem executadas?
É parecido com o do policiamento de área. Trabalhamos em cima dos indicadores criminais e de acidentes de trânsito. Também utilizamos o Infocrim (Sistema de Informações Criminais) e em cima desse sistema nos planejamos. Temos um setor no batalhão e nas companhias justamente para ficar pesquisando onde vamos colocar nossas viaturas.

Quais são as principais diferenças entre a atuação na Anchieta e na Imigrantes?
Na Imigrantes, o trabalho é mais voltado ao combate ao roubo. Há muitas habitações carentes próximas à rodovia e isso acaba interferindo. Já na Anchieta, por ter mais interferências urbanas, a preocupação maior é com acidentes e infrações de trânsito, principalmente nos horários de rush.

A imprudência ainda é a principal causa de acidentes?
Acho que continua sendo. Há muitos casos de ultrapassagem pela direita e excesso de velocidade, principalmente quando chove. Em dias chuvosos, o número de acidentes praticamente dobra. As pessoas não têm cautela, e dirigem com a mesma velocidade como se estivessem com pista seca.

Com que frequência são feitas operações da blitz da Lei Seca?
Diariamente, principalmente à noite, quando as pessoas estão saindo do bar ou de alguma confraternização. São operações diárias, feita por cada uma das companhias do batalhão em locais diferentes.

A PMR tem parcerias com as concessionárias?
Utilizamos o sistema de videomonitoramento da Ecovias. No Centro de Controle Operacional deles ficam três policiais por turno de serviço. Um deles fica com o rádio e dois só vendo as câmeras. Esses equipamentos têm uma certa potência, que permite que a imagem chegue na placa do usuário.

E no caso da SPMar, responsável pelo Rodoanel Sul?
Ela tem sistema de câmeras, mas ainda não colocamos o policial lá.

Por quê?
Não está totalmente desenvolvido o sistema de monitoramento deles para podermos colocar policiais lá. Mas assim que estiver totalmente pronto, inclusive o Trecho Leste, que está saindo e é deles também, com certeza vamos colocar policiais. Até porque é interessante para nós. Temos uma visão geral de tudo o que está acontecendo no sistema. 




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