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Os seis marielitos

É Brasil: primeiro, foram comprados 36 caças supersônicos Grippen NG, ao custo de US$ 4,5 bilhões; depois da compra, discute-se se a compra deveria ter sido feita

Carlos Brickmann
26/02/2014 | 06:59
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É Brasil: primeiro, foram comprados 36 caças supersônicos Grippen NG, ao custo de US$ 4,5 bilhões; depois da compra, discute-se se a compra deveria ter sido feita. O debate sobre o já decidido ocorre amanhã, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, com a participação do comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, com início marcado para as 10h.

O valor da compra nem é tão alto: equivale a seis vezes o que o Brasil gastou na modernização do porto de Mariel, em Cuba; ou a quatro vezes o prejuízo com a compra da refinaria de petróleo obsoleta de Pasadena, nos Estados Unidos. E o investimento deve ser mais útil que aqueles: esta coluna – que tinha levantado dúvidas sobre a necessidade de novos caças, perguntando se drones, muito mais baratos, não fariam o mesmo serviço de supervisão de fronteiras e de regiões economicamente sensíveis, como campos petrolíferos em alto-mar – recebeu mensagens de especialistas de prestígio, que consideram que a compra foi essencial.

Diz o engenheiro aeronáutico Isu Fang, especialista em administração: “A escolha do Grippen NG foi elogiada por profissionais sérios, tecnicamente excelentes. Os drones não servem para todas as missões que a FAB tem de cumprir; e é preciso lembrar que nossa Força Aérea está praticamente sem aviões de combate, após a aposentadoria dos Mirage”. Sobraram Tigers F-5 e Skyhawks A-4, alguns modernizados, mas bem idosos. Completa Isu Fang: “Se vamos manter uma força aérea precisamos dar-lhe condições mínimas de cumprir suas funções”.

Dúvida pertinente
Fang faz, entretanto, pergunta fundamental, para País que tem poucos recursos (e ainda precisa dividi-los para financiar outros países, além de gastá-los em instalações caríssimas e improdutivas no Exterior): “O que deveria ser discutido de maneira aberta é o que o País espera de suas forças armadas e, em função disso, seus efetivos e os investimentos necessários para que possam operar”.

Não é o que parece
Não leve a sério as ameaças dos partidos aliados a Dilma de criar dificuldades aos projetos do governo, ou de aderir a candidaturas oposicionistas à Presidência. Eles até podem aderir a candidatos oposicionistas, em duas circunstâncias: se os oposicionistas forem favoritos (no momento, não são), ou se ganharem as eleições, caso em que procurarão demonstrar que sempre foram ferozmente contra Dilma, Lula e tudo o que pareça petismo. As ameaças têm objetivo preciso: renegociar, para melhor, os termos do apoio à presidente, obtendo mais cargos, em ministérios mais rentáveis, e mais verbas parlamentares. O mais feroz desses leões parlamentares é amansável com boa alimentação e muito carinho oficial.

Falar, sim; largar, não
Observação de arguto colunista carioca, Aziz Ahmed, de O Povo: o PT do Rio rompeu com o governo do peemedebista Sérgio Cabral e prometeu entregar os cargos que ocupava. Dos 500 petistas lá empregados, nem 10% saíram. O PSB do candidato Eduardo Campos rompeu com o governo Dilma e prometeu entregar os cargos. Nem 20% dos socialistas empregados no governo federal entregaram os cargos até agora. Romper, sim; largar o osso, nem pensar.

O culpado é o leitor
Sabe quem é o responsável pelas tentativas de invasão do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, no dia 12, por tropas de choque do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, MST? Sabe quem é o responsável pelo tumulto que provocou ferimentos em 30 PMs encarregados da segurança dos prédios públicos? Pois olhe-se no espelho, caro leitor. O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) entrou com R$ 448 mil para o congresso do MST que redundou nos tumultos. A Caixa Econômica Federal economizou: deu só R$ 200 mil. E o BNDES contribuiu com R$ 350 mil para evento tão essencial aos objetivos do banco, a busca do desenvolvimento econômico e social. Tudo está devidamente documentado, publicado no Diário Oficial da União. Ao que se saiba, perto de um milhãozinho – fora o que ainda não apareceu. E por que o caro leitor é o culpado? De onde é que sai o dinheiro do BNDES e do Incra?
 




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