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A história como a história foi

Um dos textos que mais circulam hoje na internet diz que, na época da ditadura militar, podia-se fazer de tudo - namorar no carro até meia-noite em to

Por Carlos Brickmann
10/02/2013 | 00:00
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Um dos textos que mais circulam hoje na internet diz que, na época da ditadura militar, podia-se fazer de tudo - namorar no carro até meia-noite em total segurança, usar o INPS como único seguro de Saúde, cortar árvores infestadas sem precisar de licença ambiental, andar tranquilamente nas ruas a qualquer hora - exceto falar mal do presidente. Só falta dizer, no texto, um "que bons tempos!"

Só que este colunista viveu aquela época. Foi quando O Vermelho e o Negro, livro clássico de Stendhal, publicado pela primeira vez em 1830, foi apreendido por acharem que o vermelho do título tinha a ver com comunismo.

INPS como único seguro de Saúde? Claro: e este colunista, ávido por desperdiçar dinheiro, contratou um seguro-saúde privado. Morria-se esperando tratamento. E acredite (veja os jornais da época): era muito pior do que é hoje.

Segurança? Talvez para quem não morasse no Brasil. Os assaltos cresceram. O Esquadrão da Morte, formado por maus policiais, matava por encomenda - um concorrente de negócios, por exemplo, era assassinado por eles, o corpo jogado em algum lugar e, com auxílio de jornalistas amestrados - já os havia, só que do outro lado - informava-se que ‘o presunto' de ‘um meliante' tinha sido encontrado. E isso tudo não envolvia falar mal do presidente, não: esta era a vida normal (e explica por que tanta gente se mobilizou na luta pelas Diretas-já!, que encerrariam a ditadura). Falar mal do presidente era punido com tortura e morte.

Há gente que defende esse regime. E o pior é que há quem acredite neles.

PARA QUE MENTIR?

Tereza Collor não mandou carta a Renan Calheiros, a revista Forbes não publicou capa nenhuma dizendo que Lula era um dos homens mais ricos do mundo, não há qualquer indício de que o deputado petista gaúcho Paulo Pimenta seja dono oculto da boate que pegou fogo em Santa Maria, as estatais não foram privatizadas a preço de banana, as acusações contra Renan Calheiros se referem a fatos recentes, de 2007 (posteriores à época em que foi ministro de Fernando Henrique). Governo e oposição estão cheios de defeitos. Por que inventar outros?

A VERGONHA E A MENTIRA

Lembre do vereador Kirrarinha, DEM, que agrediu uma repórter e foi filmado (http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=wo1aP8O1lSc#)

Pois bem: o covarde (cujo nome verdadeiro é Lourivaldo Morais) acaba de ser nomeado secretário municipal de Esportes de sua cidade, Pontes e Lacerda, nomeado pelo prefeito Donizete da Len, do PPS. Parece inacreditável (e é): um agressor de jornalistas, um agressor de mulheres, prestigiado por seu partido, o DEM mato-grossense, e por um prefeito aliado. Esta é a vergonha. A mentira ocorreu antes: alguém espalhou que José Rainha (um dos líderes do MST) seria o agressor. Não foi José Rainha: o covarde foi Kirrarinha. E a mentira é ainda mais grave porque, seja Rainha o que for, Kirrarinha é muito pior.

DE PAPO PARA O AR

Neste momento, estão em pauta no Congresso alguns temas da maior importância: o Orçamento deste ano (que não foi votado no ano passado e deixa o governo em suspenso), mais de 3.000 vetos presidenciais não apreciados, trancando a apreciação de vetos atuais, Fundo de Previdência dos Servidores Públicos, fator previdenciário, situação dos portos, que podem entrar em greve.

Mas é Carnaval. No Congresso, começou dia 6, quando apareceram cinco dos 513 deputados e oito dos 81 senadores. Suas excelências encerram dia 19 o período de sassarico. Descansar é preciso: as férias de fim de ano duraram apenas 39 dias. De 1º a 5 de fevereiro os congressistas tiveram de trabalhar, e isso cansa.

EL ATREVIDO

José Dirceu, condenado à prisão pelo Supremo no caso do Mensalão, está promovendo atos públicos pelo País em defesa de sua inocência e contrários à decisão judicial . Está no seu direito. Uma coisa, entretanto, não pode ser tolerada: o embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien Sanchez, participou de um dos atos. É uma intervenção totalmente sem sentido na política interna brasileira. É inaceitável que um embaixador participe de manifestações contra a decisão de um dos poderes da República. O intrometido ainda diz que continuará participando da afronta ao Brasil e às leis. Pior: Brasília está paralisada. Nem protestou nem enquadrou el metidón. Se o embaixador norte-americano participar de uma manifestação desse tipo, a presidente Dilma Rousseff ficará calada?

A DESCOBERTA DE CABRAL

O governador fluminense Sérgio Cabral, ao contrário do que se imaginava, não chegou ao fundo do poço com as ridículas fotos da Turma do Guardanapo, em Paris, em que ele e amigos dançavam com guardanapos na cabeça e suas mulheres mostravam a sola dos sapatos, para provar que eram os caros Louboutin. Cabral foi mais fundo: disse que os 27 presos que fugiram no dia 3, com toda a facilidade, do Complexo Penitenciário de Gericinó, no Rio, "terão os benefícios cancelados". Que benefícios, cara-pálida? Nem benefícios nem punições: eles estão nas ruas, prontos para cometer novos crimes. Cabral explica: perderão os benefícios da progressão de pena ‘quando forem recapturados'. Se forem.




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