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PT sofre debandada de ‘históricos’
Por Arthur Lopez
Do Diário do Grande ABC
27/09/2005 | 08:05
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O PT sofre a maior debandada espontânea de filiados desde sua fundação, há 25 anos. O êxodo é conseqüência da pouca ou nenhuma mudança proporcionada pelo PED (Processo de Eleição Direta). As denúncias de corrupção e a certeza que o controle nacional do partido permanecerá nas mão do Campo Majoritário – que domina o partido há 10 anos – levaram segunda-feira o grupo do deputado federal Ivan Valente (São Caetano) a anunciar a desfiliação rumo ao P-SOL. Os petistas da região perdem, assim, um parlamentar em Brasília e nos próximos dias outros dois vereadores e três ex-vereadores.

Pressionados pelas inúmeras denúncias, pela discordância da política econômica, o PED e ainda o prazo eleitoral para mudança de partido (30 de setembro), também deixaram segunda-feira a legenda Plínio de Arruda Sampaio e os deputados federais Maria José da Conceição Maninha (DF), Orlando Fantazzini (SP), João Alfredo (CE) Walter Pinheiro (BA) e Paulo Rubem Santiago (PE). Com eles, devem se filiar ao P-SOL até sexta-feira quatro membros da executiva da CUT (Central Única dos Trabalhadores), braço sindical do PT. No fim de semana, houve outras 400 desfiliações.

Segundo a membro da Executiva Nacional da CUT Bernadete Menezes, o objetivo é que 1,2 mil filiados da central sindical sigam o grupo, formado ainda por Jorge Martins, Francisvaldo Mendes e Alurjam Miranda. “Estamos preparando atos em vários Estados. Mas não vamos sair da CUT e a briga interna ficará feia (na central)”, diz Bernadete.

O PT da região já havia perdido o suplente de deputado federal Wagner Rubinelli para o PPS. Até sexta-feira, o vereador de São Caetano Horácio Neto também seguirá para o P-SOL, levando seu grupo formado também pela ex-vereadora Vera Severiano. “O mais provável é que assumamos posição de saída ampla”, afirma Neto, que convocou reunião para terça-feira à noite.

Rival de Neto na disputa interna do partido, o coordenador da macrorregião do PT no Grande ABC, Hamilton Lacerda, diz que não acredita em debandada. “Na região, as forças de esquerda representam 20% dos quadros da sigla. Mas isso não significa que 20% vão sair do PT.” Por enquanto, só a tendência APS (Ação Popular Socialista), com 9,1% dos votos no PED, assumiu que deixa a legenda. A Articulação de Esquerda (11%), representada na região pelo vereador Wagner Lino, garante que não sai do PT. O mesmo deve ocorrer com a Democracia Socialista (11%), antiga tendência da senadora Heloísa Helena (AL), hoje líder do P-SOL.

Mais saídas – De malas prontas para saírem do PT, mas ainda aguardando resultados de reuniões que acontecem entre terça-feira e nesta quarta-feira, estão os vereadores Edson Savietto, o Banha (Ribeirão Pires), e os ex-vereadores Ricardo Alvarez (Santo André) e Miranda Melão (São Bernardo). Alvarez já admite formar um núcleo do P-SOL na cidade com até 200 militantes. O grupo de Melão é composto por 35 pessoas. “Nem todo mundo deve sair do PT”, diz.

A primeira determinação da tendência APS, de Ivan Valente, foi a saída do PT e filiação ao P-SOL, e isso deveria ser feito até sexta-feira por quem é parlamentar, teve mandato ou se candidatou alguma vez. A segunda decisão foi criar, a médio prazo, uma Frente Socialista Nacional, reunindo diversos setores (Igreja, MST, sindicatos etc), suprapartidário e que, “se ganhar fôlego, pode virar um partido novo político”, adianta Alvarez.




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