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Sem contrato de limpeza, Mauá deixa escolas sujas

Empresa que prestava serviço ao município é alvo de operação da PF; funcionários realizam higienização

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
23/02/2019 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 Os desafios dos professores da rede municipal de Mauá vão além dos educacionais. Desde o dia 14 de fevereiro, os docentes, diretores e funcionários de apoio têm se dedicado a fazer também a higienização das escolas, já que a empresa que fazia a limpeza e manutenção das unidades deixou de prestar o serviço, pois teve o contrato suspenso judicialmente. Em alguns casos, são realizados mutirões aos fins de semana com a ajuda de pais e familiares.

A Demax Serviços e Comércio Ltda foi contratada por meio de licitação em 2013 e o convênio foi aditado oito vezes. De acordo com o Portal da Transparência, a administração deve R$ 639.874,64. A empresa é um dos alvos da Operação Trato Feito, desencadeada pela Polícia Federal em dezembro de 2018 e que investiga o recebimento de propina e pagamento de Mensalinho pelo prefeito Atila Jacomussi (PSB) a 21 vereadores e um suplente. Atila chegou a ser preso, mas já foi solto e responde a um processo de impeachment na Câmara Municipal.

Sem os funcionários que fazem a limpeza diária das unidades, as equipes da comunidade escolar têm se revezado para manter a higiene em escolas e creches que atendem crianças de zero a 6 anos. O Diário teve acesso a áudios de funcionários de diferentes equipamentos relatando as dificuldades.

Trabalhador da EM Alice Jacomussi, no Jardim Araguaia, afirmou que o problema é generalizado e que os quatro auxiliares de apoio operacional estão se revezando e tirando os lixos com as fraldas sujas das crianças três vezes ao dia. “Está tudo imundo. É caso de Ministério Público, de intervenção no município”, desabafou.

Também por meio de áudio, servidora da EM Guilherme Primo Vidotto, no Jardim Olinda, contou que a situação é caótica e que estão sendo priorizados banheiros e refeitórios, com limpeza das salas de aula em último caso. Neste local, as crianças sequer podem frequentar o parquinho, devido ao mato alto. Um surto de diarreia resultou no fechamento do berçário até ontem. O Diário esteve na unidade e dava para sentir da porta o cheiro da água sanitária usada para limpeza do espaço. Funcionária confirmou que o local estava sendo desinfetado após o surto, mas alegou que a “situação é normal no começo do ano”. Na EM Chico Mendes, no Jardim Flórida, o Diário flagrou professoras limpando as mesas no refeitório.

A situação também é grave na EM José Rezende da Silva, no Parque São Vicente, e na EM Rosa Maria Martins dos Santos, no Jardim Sonia Maria.

Além da situação de caos político, Mauá também passa por momento econômico tenso – a vice-prefeita e então prefeita interina decretou em 6 de julho estado de calamidade financeira.

A Prefeitura de Mauá e a empresa Demax não se pronunciaram até o fechamento desta edição.

 

Mães de alunos se declaram indignadas com a situação

 

O sentimento entre as mães dos alunos da rede municipal de Mauá é de indignação. “Sabemos que não é culpa da equipe, que professores e diretores estão fazendo o seu melhor, mas a Prefeitura não podia deixar a situação chegar a esse ponto”, reclamou a dona de casa Vanessa de Assis, 36 anos.

Junto com cerca de 200 crianças, o filho de Vanessa foi transferido da EM Geovane Oliveira Lacerda Costa, no Parque das Américas, para a Fiec (Fábrica Integrada de Educação e Cultura), no mesmo bairro, conforme mostrou reportagem do Diário ontem. A transferência ocorreu devido a problemas estruturais na creche Geovane. “Como ficam em um lugar sujo, com bactérias? É um absurdo”, protestou a secretária Stephany Goes, 25, mãe de dois alunos que estão na Fiec.

 

 




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