Política Titulo Produção de ideias
Consórcio busca inverter debate sobre polo tecnológico regional

Secretário executivo da entidade, Palacio propõe investimento em produção de ideias: ‘Maracanã não pode ter time de várzea’

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
26/02/2017 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Secretário executivo do Consórcio Intermunicipal, Fabio Palacio (PR) propõe alterar a discussão sobre a implantação do parque tecnológico no Grande ABC. O republicano acredita que o debate em torno do polo está invertido. “Estamos buscando construir um Estádio do Maracanã ainda com time de várzea. Focamos a discussão no ponto de vista errado.”

Palacio esteve na semana passada em Florianópolis para conhecer o parque tecnológico da capital de Santa Catarina. Voltou com concepção de inicialmente se trabalhar com projetos de inovação (hoje conhecidas como startups) antes de se concluir um espaço final de desenvolvimento econômico.

O parque tecnológico está em discussão no Grande ABC há uma década. Em janeiro do ano passado, o projeto de instalação em Santo André foi aprovado pelo SPTec (Sistema Paulista de Parques Tecnológicos). Porém, desde então, poucos passos foram dados. E o cenário se agravou quando o Consórcio Intermunicipal decidiu, em assembleia de prefeitos, cortar a subvenção dada à Agência de Desenvolvimento Econômico, braço da entidade regional e que está como gestora da proposta. A Agência, que chegou a solicitar ao Estado R$ 14 milhões para erguer o polo tecnológico, acredita que o espaço pode se inviabilizar com o corte dos repasses.

Palacio discorda. “O Consórcio não faz mais repasse por uma questão jurídica, por orientação do Tribunal de Contas. A Agência é gestora do projeto, lida com seu caráter intelectual. Mas é o Consórcio que faz o aporte financeiro. É o Consórcio que paga consultoria para concepção do parque tecnológico. A falta de repasse não muda a situação”.

Na visão de Palacio, concomitantemente à discussão do polo tecnológico, o Grande ABC precisa criar condições de oferecer estrutura para abertura de projetos de inovação. Para ele, essa é alternativa mais viável para superar a crise econômica na região, agravada pelos problemas das grandes montadoras de veículos instaladas no Grande ABC.

“Em Florianópolis, por exemplo, há 15 anos existe um programa que dá recursos para quem tem ideias inovadoras, um investimento de R$ 40 mil por ideia. A cada 100 propostas, 20 viram realidade e vão para uma incubadora, uma aceleradora de negócios, onde são oferecidos infraestrutura e mais aporte (de R$ 170 mil para investimento mais R$ 500 mil de conhecimento). Entre 30% e 40% desses projetos da aceleradora sobrevivem. E só aí vão para o parque tecnológico. Ou seja, quando vai para o polo, o projeto e o idealizador estão maduros para fazer aquilo virar. Há empresa que começou com esse investimento de R$ 40 mil e que hoje fatura R$ 2 milhões ao mês”, comparou. “Se não repensarmos a base da economia do Grande ABC vamos ficar esperando a morte das empresas. A indústria da inovação não é a solução exclusiva para o Grande ABC. Mas precisa ser pensada”.

O secretário executivo citou estudo fornecido pela prefeitura de Florianópolis, que aponta que desde 1984 se investiu R$ 50 milhões em empresas que hoje tiveram faturamento de R$ 14 bilhões ao longo deste período. “Florianópolis, que era cidade com receita quase que exclusiva de turismo, hoje é vocacionada para inovação.”

A ideia de Palacio é iniciar o debate de inversão da pauta do parque tecnológico com prefeitos e potenciais investidores privados. Para fazer a incubadora de negócios virar realidade, ele projeta também diálogo com universidades – particulares e públicas – e empresas da região. “Toda conversação do polo tem de continuar seguindo. O polo é a parte física, estrutural, a mais difícil de alcançar. Porém, a definição do local não é o que pode atravancar o projeto. Precisamos criar um ecossistema favorável para empresas de inovação.” 




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