A coalizão de centro-direita venceu a disputa no domingo, apesar de suas impopulares medidas de austeridade, diante da melhora na economia. O Partido Social Democrata recebeu quase 37% dos votos e ficou com 99 cadeiras no Parlamento, com quatro vagas ainda em disputa.
A coalizão foi, porém, ofuscada por partidos de centro-esquerda, no Parlamento de 230 cadeiras. Com isso, pode haver dificuldades para a aprovação de medidas de austeridade, incluindo mais cortes nas aposentadorias e pensões e outras reformas econômicas.
Portugal ainda se recupera, após receber um pacote de ajuda de 78 bilhões de euros (US$ 88 bilhões) em 2011. A incerteza pode levar a um período de paralisia política e causar temores nos mercados, diante de um país bastante endividado.
"O desafio começa agora", afirmou o jornal Diário de Notícias em editorial desta segunda-feira. Outro jornal, Público, disse que a eleição "deixou o país em um impasse".
O Partido Socialista, de centro-esquerda e favorável às regras financeiras da zona do euro, ficou em segundo, com 32% dos votos e 85 cadeiras no Parlamento. A sigla será crucial para o sucesso do próximo governo.
O presidente Aníbal Cavaco Silva deve convidar logo o partido com mais votos para formar um governo. Ele poderia, em tese, pedir que a centro-esquerda formasse um governo, porque juntos esses partidos têm mais cadeiras no Parlamento. Há, porém, divergências entre o Partido Socialista e outras forças desse espectro. O Bloco Esquerda, que obteve 19 cadeiras, quer renegociar a dívida, exige melhores condições de pagamento dos credores e também o fim das medidas de austeridade, enquanto almeja um aumento nos impostos para as empresas. O Partido Comunista, que conseguiu 17 cadeiras, quer abandonar a zona do euro.
O líder do Partido Socialista, António Costa, disse durante a campanha que entraria em uma grande coalizão com o atual governo "apenas se alienígenas pousassem na Terra". O primeiro teste importante do novo ambiente político acontecerá já em algumas semanas, quando o Parlamento terá de discutir o orçamento para 2016.
O Barclays disse que os resultados eleitores "vieram em geral em linha com as pesquisas recentes", prevendo que a coalizão conservadora consiga formar um governo. Mesmo que o Partido Socialista chegue ao comando do país, o banco diz que não deve haver recuo nas reformas realizadas nos últimos quatro anos. Fontes: Associated Press e Dow Jones Newswires.
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