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O governo é um fingidor
Carlos Brickmann
15/01/2014 | 07:29
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Dilma já pensa na reforma do ministério. Os novos ministros serão escolhidos para aumentar eficiência do governo, reduzir custos, trazer novas ideias? Imagine! Dilma quer aumentar seu tempo de TV, tirar o tempo dos adversários, trazer mais partidos para apoiá-la. Competência? Imagine! Quem tem Gleisi, Mantega e Gastão Vieira no ministério não está preocupada com esse pequeno detalhe.

Alckmin já pensa na reforma do secretariado. Os novos secretários serão escolhidos para aumentar a eficiência do governo, reduzir custos, trazer novas ideias? Imagine! Quer aumentar seu tempo de TV, tirar o tempo dos adversários, trazer mais partidos para apoiá-lo. Competência? Imagine! José Aníbal, que queria que as empresas jamais desligassem os geradores, continua no cargo.

Nomes novos? Dilma pensa em Josué Gomes da Silva, empresário de prestígio (Coteminas, vice-presidência da Fiesp). Para levar ao governo sua experiência administrativa? Imagine! Para mostrar aos empresários que não é hostil a eles (portanto, podem apoiá-la, podem contribuir para a campanha, podem conversar). Alckmin acena com a vice para o PSB. Para mostrar uma oscilação à esquerda, sinalizar uma possível aliança no segundo turno com Eduardo Campos? Imagine! Para ganhar o tempo de TV dos socialistas e, evitando que lancem candidato, facilitar sua reeleição no primeiro turno. Até Walter Feldman, a quem detesta, aceitaria como vice. E o eleitor? Não esqueça de Justo Veríssimo, o imortal personagem político criado por Chico Anysio: quem é esse tal de eleitor?

Finge tão completamente
Gleisi Hoffmann – que gestora! Seu principal assessor, Eduardo Gaievsky, apontado como coordenador de sua campanha ao governo do Paraná, está preso, respondendo a 38 acusações de estupro, coação de menores, favorecimento à prostituição e uso de cargos públicos para obter benefícios pessoais. Gleisi, claro, não sabia de nada; e só sai porque é candidata. Ideli Salvatti foi ministra da Pesca, não aconteceu nada; virou ministra das Relações Institucionais, e chegaram a pedir que fosse substituída pelo gentil e habilidoso Aloizio Mercadante. Foi derrotada dentro do PT, e sua candidatura ao Senado foi arquivada. Como não tem para onde ir, fica no governo – talvez em outro cargo, se conseguirem encontrar algum ainda menos importante. Guido Mantega, às vésperas do Fórum Econômico Mundial, onde deve conversar sobre economia brasileira com líderes internacionais, tirou férias, que ninguém é de ferro. Mantega, é evidente, fica.

Que se diz trabalhador
Alckmin tem três secretários, Édson Aparecido, Rodrigo Garcia e José Aníbal, contra os quais houve denúncias de tolerância com o cartel do Metrô e dos trens metropolitanos. Na época de Itamar Franco, seu maior amigo, Henrique Hargreaves, sofreu acusações muito menos graves. Hargreaves deixou o governo para que não houvesse dúvida sobre as investigações. Comprovada sua inocência, voltou ao cargo. Por isso, muita gente fala mal de Itamar, mas ninguém jamais questionou sua honradez. Já os secretários acusados, se deixarem os cargos, será para disputar eleições. É claro que não poderiam esperar o resultado das investigações estaduais. Ninguém é eterno. E a base de apoio de Alckmin não permite sequer a instalação de uma CPI para examinar o uso do dinheiro público.

Mas só quer ferrar a gente
Eta, aproveitamento mais mambembe dos clássicos versos de Fernando Pessoa! Mas que é que não seja mambembe se pode dizer dos governantes brasileiros? Mais uma vez os pagamentos do INSS foram reajustados abaixo da inflação – 5,56%, contra inflação oficial de 5,91%. A perda dos aposentados é de 0,35%. Pouca coisa? Então, por que o reajuste não foi pouca coisa maior, de 6,26%? As desculpas oficiais só valem quando é para arder no lombo do cidadão?

Pedrinhas no caminho
Um grupo de senadores visitou o presídio de Pedrinhas, em São Luís, notável pelos massacres e decapitações e pela ausência absoluta de ação do governo maranhense. Está certo: era essencial mostrar que o Congresso está preocupado com a conquista e anexação, por bandidos, de parte do território nacional. Esteve lá também o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo – aquele que disse que o sistema presidiário brasileiro é medieval, como se seu partido não tivesse nada com isso, depois de 12 anos no poder. Pena que nenhuma das excelências tenha conseguido tempo para visitar a família da menina de 6 anos que morreu depois que bandidos lhe atearam fogo. Esquecimento, certamente.
 




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